quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sonho 1/3 (Em 01/11/2007)

Se o sonho vem de alguém, só pode ser por projeção do que acontece na psique desse alguém. Os sonhos são impulsos de coisas que estão embutidas em nós.

Como a psique não tem linguagem própria, ela se utiliza de imagens para retratar o que se passa em nosso interior.

Sonho que minha mãe está morta, se vejo minha mãe morta, não é minha mãe que está morta; aquela imagem é a representação de algo que está morto em mim; algo que eu prezava tanto quanto minha mãe. Diante do sonho, eu tenho de procurar, dentro de mim, qual é o ideal que eu estou matando.

Creio que já escrevi neste espaço sobre as vozes internas, aquelas que nos instigam a toda espécie de violência, frustração, derrota ou nos colocam vaidosos acima dos outros.

Os sonhos são o prosseguimento dessas vozes durante o sono; o agente é o mesmo: nossos traumas. Como foram incutidos em nós em circunstâncias diferentes, possuem cada um sua forma de se expressar; essa confusão que eles fazem por se exprimir é que causa a desordem no sonho, expresso sempre por pedaços incoerentes que nós tentamos decodificar, embora isso não adiante.

Se você interpreta o sonho, você permanece na linha do sonho, fica preso às imagens e não desce ao inconsciente; se você escreve ou se conta seu sonho a alguém, você vai descendo ao próprio interior procurando a palavra exata e exprimir o que se passou; nessa descida em função do sonho, você se abre e dá ensejo a que, pelo menos um dos traumas causadores do sonho venha à tona. Você faz a catarse.

Escrever, com pormenores, sobre o que aconteceu no sonho é a melhor forma de se aliviar dele.

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