sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Correspondência - 1/3 (Em 18/10/2007)

Antônio José Contienschi me escreve sobre seu estado de saúde, que vem melhorando e ele se dá por muito feliz. O Antônio é um exemplo de esforço no sentido da própria reconstrução.

Pela vontade, a roda do tempo sobe mais rápida. A roda é uma figuração dos gregos; há momentos em que um dos raios da roda está no mais baixo; é a fase difícil; tudo é solidão; tudo é desespero; pelo movimento, aquele raio alcançou o ponto crítico de sua descida; agora começa a ascensão.

Assim vejo o Antônio em uma roda cujo raio começa a subir e, quanto mais sobe, mais ele vislumbra a paisagem; a paisagem começa nele; ele está se enxergando melhor, mais próximo de si mesmo. Disse alguém que “o sofrimento é o cavalo que nos leva, com mais rapidez à plenitude”. O Antônio montou em um animal assim que o conduz pelas vias da alegria de viver.

Chega um momento em que verá as pessoas como que distanciadas; não é que elas se afastaram; ele é que chegou mais próximo do coração; dali as pessoas estão distantes. Parabéns Antônio.

Pesquisa - 2/3 (Em 18/10/2007)

Recentemente foi feita uma pesquisa na Europa:

Se você soubesse que o mundo iria acabar-se dentro de sessenta minutos. O que você faria?

As respostas foram de diversa natureza, todas relacionadas com utilidades no plano horizontal. Pelo menos das que chegaram até nós, não aparece qualquer menção ao refúgio na interioridade do ser humano.

Não é possível que, na Europa culta, não se tenha formação sobre o assunto! É imperioso ter-se uma noção clara sobre como agir em situações de irreversibilidade. Quando não há mais refúgio, o refúgio é o coração humano.

Se aqui é o movimento, do outro lado só pode ser o repouso; por isso, precisamos ter experiência com o repouso.

No Segredo 2, são feitas duas imagens de espíritos que saem deste plano: na primeira, o espírito adquire uma aura rosa e fica literalmente à deriva. Reproduz-se outro espírito que sai do corpo branco, branco e se dirige para um ponto no infinito. É o que mostra o DVD.

A ilustração é perfeitamente adequada à situação. Creio que não há outra saída, senão a entrada cada um em si mesmo.

Se o silêncio é profundo, já não importa a vida; a mente sai inclusive da vida porque precisa ser preservada para seguir de volta ao lugar de onde saiu. Quanto mais desprovida dos bens da terra, mais limpa chegará ao destino a que todas terão de chegar. Dá pra entender?

A mente é figurada por Adão que saiu do paraíso. O Éden é o interior do ser humano: de modo que o episódio de Adão se repete em cada pessoa; a mente sai do convívio com a consciência e não sabe voltar apesar de tanto aviso.

As respostas dos europeus eram todas sobre providências que tomariam no plano do movimento, de um lado só: o lado de cá. Acontece que vivemos milênios apenas de um só lado e deu nisso que está aí. Resta-nos o lado de dentro, de que os europeus se esqueceram e de que nós não podemos esquecer, se quisermos ter paz.

Gestos 3/3 (Em 18/10/2007)

Será que eu tenho cumprimentado o moço, a moça do pedágio? O que me custa dizer uma palavra amiga às pessoas, de preferência às desconhecidas? Se quero adquirir simpatia, devo fazer esse tipo de exercício: gestos pequenos, expostos pela vontade de quebrar o gelo.

Ocorre-me aquele moço que se postou na praça com um cartaz: “um abraço; é grátis”; a princípio os transeuntes riam; com o tempo a adesão foi tamanha que o prefeito decretou sua proibição na rua, o que foi rechaçado pela pressão de milhares de assinaturas.

Um gesto simples movimentou o povo que reivindicou aquilo como direito seu.

A nós é só uma palavra, um bom dia, um sorriso; é a forma de se “matar o bicho”. Esse bicho tem nome, chama-se incomunicalibidade, solidão, isolamento; tô fora.

O Artesão - 1/3 (Em 11/10/2007)

Numa cidadezinha do interior, a Ana olhava umas peças de artesanato; segredei-lhe que comprasse alguma coisa para ajudar. O artesão percebeu:

- muito obrigado pela compreensão; o senhor não sabe o quanto é difícil viver disso.

Conversamos sobre arte por instantes e me despedi.

Mal sabia ele que eu também sou artesão; ofereço idéias por preço nenhum e poucos, muito poucos são os que se interessam por meus produtos. Creio que me faltam as habilidades daquele homem.

Agora encontrei um forte aliado no Rodrigo, lá em Manaus; ele tem difundido o blog e o número de consulentes subiu bem. Obrigado Rodrigo.

O Carlos Drummond de Andrade já dizia que “lutar com palavras é a coisa mais vã,” sobretudo quando essa palavra é dotada de um conteúdo que a poucos interessa: não ensina a vender, não promete lucro nem faz benzedura. Aí fica difícil. E então percebo que ser artesão de bijuteria não é tão difícil quanto difundir idéias, sobretudo relacionadas com a interioridade humana.

Que vocação é esta que nos leva por esses corredores escuros! É trilhar em falso e aí aparecerão os críticos, munidos de idéias pré-fabricadas e nos exporão sob seu crivo, apesar de que esse negócio de interioridade humana é um assunto que interessa a poucos.

Talvez meu grande defeito é que eu vivo de fábulas e as fábulas são mentiras adocicadas. Sabe daquela? Deram um quebra-cabeça a uma criança que consistia em armar o mapa do mundo; sem entender de geografia, de imediato a criança devolveu o problema resolvido; quando lhe perguntaram como conseguira com tanta rapidez, ela respondeu:

- do outro lado, havia o retrato de um homem; eu juntei os pedaços do homem e o mundo

ficou certo.

Percebo a minha pretensão: quero juntar os pedaços do homem e não consigo sequer juntar os meus pedaços; isso porque me falta a simplicidade daquele homem da praça; a da criança, nem se fala!

Você sabe que, na criança, ainda habitam juntas mente e consciência; é por isso que ela tem insights: perguntas agudas e respostas desconcertantes?

Você percebeu como é o processo de escrever? Como se faz uma crônica? Uma idéia puxa a outra e a outra, outra mais e vai se formando o texto. Como estou no final do texto, é bom retomar à idéia com que comecei e a coisa fica assim:

Do encontro com aquele artesão ficou-me um desejo de ser melhor; não melhor do que ele; melhor sim do que eu mesmo.

Celtic Woman - 2/3 (Em 11/10/2007)

Ainda a Ana, desta vez foi demais! No intervalo do trabalho, ela veio de táxi me trazer um DVD das Celtic Woman; é o segundo dessas moças brilhantes.

Já me referi a elas e suas extraordinárias qualidades. Escrevi sobre elas, poemas e insights que o tempo talvez revele.

Se na gravação primeira foi o singelo, nesta segunda gravação é o pomposo sem que se perca aquela gama de verdadeira devoção à arte, ao bem feito, ao nobre. Como me ensinam essas moças!

Fala-se tanto em desordens no mundo, tráfico, bombas e seqüestros e não se dá realce a que ainda há pessoas tratando com tanta seriedade dos bens da arte; da arte no que há mais refinado.

Agora às quatro moças, juntou-se uma quinta; uma gracinha de moça; a voz é de uma pureza que dói.

É interessante que ela chama a atenção por um pormenor de extraordinária particularidade: ela chama a atenção pela pronúncia das vogais; o texto é em italiano barroco; mesmo sem entendê-lo, chama-nos a atenção a pronúncia das vogais com som amplo, mais cheio, firme, mais claro. Resultado de rigores que teve de superar nas academias de música que, com certeza freqüentou. É um pormenor que as outras não demonstram ter tão definido.

Ouça-se por exemplo: “Lascia Ch’io Pianga”; percebi pelo estilo que é de Handell; confirmei depois em pesquisa que fiz para entrar mais no universo dessa canção; preste-se atenção na pronúncia das palavras; beleza pura!

Na gravação, há uma violinista que toca correndo pelo palco; não se atrapalha, não desafina, não perde o ritmo vivacíssimo e mantém o público atento a suas verdadeiras travessuras.

As demais, já conhecemos de comentários anteriores, só que agora mais soltas; notam-se mais evidentes os ensaios de palco com o rigor que convém a uma apresentação tão luxuosa.

Atualidade de Cristo - 3/3 (Em 11/10/2007)

No episódio de Marta e Maria Lc 10, 38-42

Cristo chega à casa de duas irmãs Marta e Maria; a Maria senta-se a ouvir o Cristo; a Marta corre por arrumar a casa; e diz mais ou menos assim:

- Senhor, manda que minha irmã me ajude na limpeza da casa.

Cristo responde:

- Marta, Marta andas muito inquieta e te preocupas com muitíssimas coisas; Maria escolheu

a melhor parte, que não lhe será tirada.

Você já percebe que o episódio nos situa no campo dos opostos: movimento repouso, interior exterior; espírito alma.

Marta representa o lado de fora de nós; na linha da energia do movimento, da mente, das aparências, do espírito. Marta está preocupada com as aparências de apresentar bem a casa e deixa passar a oportunidade de aprender com o Cristo ali presente.

Maria representa o lado interno de nós; a alma, energia do repouso; nada lhe será tirado porque ninguém tem acesso a nossa interioridade.

Um testezinho pra você: na fábula da cigarra e da formiga, quem é Marta, quem é Maria? Por quê?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Análise de um texto - 1/3 (Em 04/10/2007)

"Deus queria falar comigo
Não Lhe dei ouvidos
Quem sou eu prá falar com Deus?
Ele que cuide de seus assuntos
Que eu cuido dos meus!"

Leminsk

Olha só! O Rodrigo me deu o prazer de me mandar essa jóia e me questiona sobre o silêncio do coração: “Se o silêncio no coração é o caminho para falarmos com o nosso Deus, Leminsk era um sujeito dos mais barulhentos... é o seu oposto amigo, seu oposto!” Lindo, lindo Rodrigo. Muito obrigado.

O texto é paradoxal porque se apresenta pelo lado “barulhento”, mas o autor, embora se imagine escondido, não consegue reter sua sensibilidade.

Leminsk está dando ênfase ao silêncio: quando afirma que não deu ouvidos a Deus, está preservando sua audição; quer silêncio, nada de barulho.

Depois querer o silêncio, agora ele se interioriza com humildade: “quem sou eu pra falar com Deus”? Se Deus o tivesse escolhido, era encarar; não havia o que rejeitar.

Leminsk sabe que os “assuntos” de Deus são os homens; os homens em sua interioridade.

Perceba-se que o autor nivela a palavra “assuntos”, tanto os de Deus, como os “meus”, os dele.

Os assuntos de Deus são os homens, o Leminsk é homem; os assuntos de Leminsk são os assuntos de Deus.

Dessa coincidência no trato de assuntos, resulta que os dois vão se encontrar porque estão voltados para um objetivo comum.

O lugar de encontro só pode ser no coração.

O quarto Chacra - 2/3 (Em 04/10/2007)

O quarto chacra é o do coração, o centro da consciência ou a consciência no centro; é o principal porque libera energias que mantêm o corpo; dali saem todas as nossas aptidões.

Você já sabe que são dois níveis de energia: uma recebida pela mente, no cérebro; outra que flui do coração; o ponto de referência é o coração. Sobre o coração deve haver todo tipo de meditação, porque é dali que sai a energia da cura.

Já lhe falei sobre o estrago que a energia do movimento faz no organismo; a energia saída do coração, quanto mais intensa for a meditação, mais tende a neutralizar a pressão causada pela energia do movimento sobre parte do organismo. Você dirá: mas se fosse assim, nenhum místico, asceta seria doente, porque vive em meditação e nós sabemos que eles são um poço de doenças.

A doença do místico é de outra natureza; quanto mais o aluno é aplicado, mais os exercícios têm de ser diferenciados, mais puxados, se não ele não tem o que estudar.

Também com o místico é assim: por meditar muito, ele vive no repouso; também só a energia do repouso causa doenças de fundo desconhecido; só pelo equilíbrio dos dois níveis de energia o corpo encontra saúde.

O chacra do coração, precisa ser alimentado, dada a sua função geral no corpo humano.

As Escolhidas - 1/3 (Em 04/10/2007)

Pois não foi assim? Foi sim. Assim.

Casada, há dez anos fez de tudo por ter um filho. Ouvia as vozes de cobrança, sem saber neutralizá-las e se lançava a toda espécie de experimentação que os diversos médicos iam lhe indicando. Veio por fim a grande aventura: fez inseminação; fez e veio a notícia: estava grávida e a solidariedade dominou o ambiente.

Dois meses depois, pouco mais, o embrião simplesmente caiu; caiu nas mãos dela. O que dizer do pasmo, do vazio, da frustração, o que dizer?

O normal em uma mulher, é que tenha filho; se não tem filho, é porque foi escolhida: está neste mundo a serviço de uma causa que ela desconhece.

Para trabalhar os outros, será preciso aprender a aceitar as próprias limitações; por seu sacrifício, alcança deixar-nos a mensagem de que estamos sujeitos a restrições de infinita natureza.

Não menos estranho é o da mulher que não se casou, apesar de ter estado sempre aberta ao casamento, também foi escolhida e a solidão é um dos sintomas dessa escolha; começa a ver-se como alguém rejeitado e nisso se consome. Vê isso como um lado sombrio de si mesma.

Há um aspecto sobre o qual me parece que a mulher deveria pensar: se existisse para ter filho, ela teria um aparelho auto-fecundante a que poderia recorrer em situações assim.

Lembra daquela parábola dos trabalhadores de última hora? Eles estavam na praça; veio cedinho um senhor e os contratou mediante pagamento estipulado; saiu outra vez às nove, às doze, às quinze e finalmente às dezessete horas. Perguntava antes a cada grupo por que não estavam trabalhando e a resposta era a mesma: ninguém nos contratou. Ao final do dia, ele pagou a todos com salário igual.

Percebeu? Todos receberam igualmente porque estavam em disponibilidade; se ninguém os contratou não é culpa deles.

A mulher que não teve filho estava em disponibilidade; se não se realizou como imaginava não é culpa sua. Também a outra que não se casou: a solidão já é uma espécie de parto que dilui suas forças de dentro para fora. O ideal é que entenda sua condição de escolhida e se lance em função de descobrir a que está destinada. Quanto mais se esquecer de si mesma, mas abre espaço para que de sua interioridade venha a indicação do caminho a seguir.

Uma das funções do filho é fazer a mulher esquecer de si mesma; a mulher sem filho pode estar num estágio além; dela já se exige que pratique a abdicação como meio de encontrar a si mesma.

Deus Existe ? (Em 27/09/2007)

- Deus existe?

- Sim. Deus existe.

- Como você sabe?

- Porque você existe.

- Então eu sou Deus!

- Sim. Você é um Deus vestido com uma couraça de crocodilo.

- Mas eu não fiz o universo!

- Você já percebeu? Toda vez que se discute sobre Deus, o assunto muda para o universo.

- Tem razão. A mente deveria ser centrada na imagem de Deus; já que ela é o microcosmo.

- Parece ignorar o ser humano, onde os opostos estão em atuação.

- Mas os opostos também estão no universo!

- Só que, no universo, eles não se conciliam.

- Por isso Deus não se manifesta no universo!

- No universo estão os atributos de Deus, não está Deus.

- Não entendo.

- Os espaços vazios são ocupados pela Consciência; a Mente rege o movimento dos corpos.

- Ah! O ser humano tem consciência e vazio no coração.

- Então temos em nós essas duas pessoas: Mente e Consciência?

- Sim. A mente desce ao coração e as duas se encontram e formam uma terceira: a Luz.

- Acabas de nomear os membros do corpo de Deus: cabeça, tronco e membros ou Luz,

Consciência e Mente.

- A Luz no ápice do triângulo; as duas na base.

- Você tem essas três pessoas em você?

- É. A terceira é uma possibilidade remota, que depende de mim, mas pode ser.

- Essa possibilidade remota é a couraça do crocodilo; é preciso transformar isso em seda.

- Onde está que Deus existe?

- Nós não vimos que os opostos não se conciliam no universo?

- Vimos.

- Mas eles se conciliam no ser humano. É isso?

- Sim, pelo descer da mente ao coração.

- O coração está em silêncio?

- Está.

- Deus existe na conciliação de nossos opostos, no silêncio do coração.

- Então quer dizer que a gente não encontra Deus no universo!

- Não. Apenas no ser humano estão as três faculdades de Deus.

- E essas coisas que estão aí, na natureza não são Deus!

- São os atributos de Deus.

- Não entendo que Deus, tendo feito o universo, não esteja no universo!

- O homem fez a casa; ele precisa estar na casa?

Cristo atualizado (Em 27/09/2007)

1 - O Reino de Deus está dentro de vós Lc 17, 20-21

2 - Transfiguração Mt 17,2

1

O Reino de Deus está dentro de vós. O Reino de Deus é o coração humano iluminado; quando descemos com a mente ao coração, estamos promovendo o encontro do Filho com o Pai, da Mente com a Consciência; se a mente encontra com a consciência é o Filho encontrando com o Pai; desse encontro, resulta a conciliação dos opostos; a conciliação do Filho com o Pai é ação nossa, cada um em si mesmo. Do encontro do Filho com o Pai, resulta a Luz do Espírito Santo que ilumina o coração.

Por que o Filho está em oposição ao Pai? Porque o Filho atua voltado para fora, para o mundo; atua com razão e inteligência. O Pai está no interior de cada ser humano; atua com sabedoria, justiça, verdade, amor.

2

A transfiguração se dá exatamente porque as energias de Cristo estão em perfeito equilíbrio entre as de fora e as de dentro; as energias do espírito com as da alma estão em absoluta igualdade de intensidade. Cristo ficou como uma lâmpada acesa com as dimensões de um homem; mas capaz de iluminar o mundo.

O entendimento da transfiguração é simples: energias equilibradas; o alcance da transfiguração é produto de um esforço gigantesco no sentido de tornar, dentro de si, essa energia do movimento mansa como a energia da alma. Não dá pra se ter idéia do que é isso.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O terceiro chacra - 1/3 (Em 20/09/2007)

O terceiro chacra é o do estômago; é relacionado com a inteligência; inteligir é interligar, relacionar, interpretar; esse chacra se liga ao estômago porque ali há um aglomerado de órgãos que se relacionam no sentido de extrair do alimento sua essência mineral; também assim faz a inteligência.

Façamos daí um ponto de referência para nos concentramos em nossa saúde, em nossa prudência, no perdão. Quando esse chacra se abre para o perdão, nós nos sentimos como que libertos, sem aquele friozinho na barriga que ocorre com quem precisa falar diante de pessoas. O curioso é que se esse chacra estiver fechado, ficamos sujeitos a receber energia negativa; quanto mais aberto, mais energia do repouso anula qualquer energia de nervosismo.

Ainda sobre o perdão, nós pensamos que é coisa de religião; nada disso: adota-se o perdão para neutralizar a energia negativa que o outro quis passar.

Já contei aqui o episódio daqueles dois que foram à banca de jornal; o jornaleiro nem se levantou, jogou o jornal que caiu no chão e outro teve de pegar. Agradeceu ao sair. O amigo se revoltou:

- você vem sempre aqui?

- Sim

- Ele trata você sempre desse jeito e você não reage!

- Se eu reagir, eu assimilo a energia dele e passo a agir da forma que ele age; a energia é dele e

deve ficar com ele.

Isso é o perdão. Assim se preserva a energia deste chacra.

Indicações (Em 20/09/2007)

1 - Já deitado para dormir, conserve o nervo da testa esticado para trás; durma assim; durma bem.

2 – Pressão alta? Faça concentração nos pés. Veja seus pés, analise seus pés, cada dedo, cada

unha, e outras particularidades que irá descobrindo.

O segundo Chacra 1/3 (Em 20/09/2007)

O segundo chacra situa-se na direção do umbigo, dos rins. Imagine um botão de sua camisa alojado entre as vértebras; a simbologia é a desse chacra; ele recebe influência do pâncreas; o pâncreas é um órgão energético por excelência; libera energia do repouso; o repouso se relaciona com a alma. O pâncreas se relaciona com a alma; qualquer meditação sobre a alma deve ser feita no coração; não meditar sobre o pâncreas; o pâncreas não é chacra; em qualquer meditação sobre ele, ele pode liberar energia em excesso, descontrolada; por não ser chacra, não há controle sobre ele; as energias que ele libera causam dores intensas.

O pâncreas é um órgão de tanta penetração que emite energia de atacar qualquer órgão

no corpo; conhecemo-lo apenas como controlador de insulina; o pâncreas é muito mais.

O chacra do umbigo, dos rins é o da memória superior; a memória superior é um dos atributos da alma com que recorda suas origens; assim como nós nascemos presos a nossa origem pelo cordão umbilical, a alma está presa a suas origens pela memória superior.

O Conto - 2/3 (Em 20/09/2007)


Sempre imaginei o tempo como uma pessoa: vinha vindo, vinha vindo... Quando chegou, apresentou o recibo do aluguel; eu não tinha como pagar, nunca tive; foi o despejo; nem houve como me despedir dos vizinhos, dos amigos. Vivi algum tempo debaixo da ponte, à espera de mão amiga. Ninguém.

Até que apareceu um policial à procura não sei de quê e me encontrou ali amasiado com a fome e no luxo daquele desamparo; eu começava a criar pelos de bicho; assustou-se. Quando o vi, armei-me de medo; viria decerto em nome do outro cobrar o aluguel; atirei-me à água aos trambolhões e fui levado pela correnteza; passava pelos lugares e o povo se aglomerava às margens do rio: “bendito o que vem em nome do Senhor”. Eu queria dizer que era apenas um afogado, mas a água me invadia pela boca.

O percurso foi longo; muitos dias, semanas; até que as águas me refugaram no outro lado. Assustei-me: o lugar não tinha ligação com o de minha procedência. Não havia com que se alimentar e o ambiente era extremamente rarefeito. Meu Deus, o que fazer aqui?

As pessoas passavam por mim, olhavam com olhares de piedade e se dissolviam na distância num piscar de olhos, como que foragidas do estranho; foi então que o solo sumiu de meus pés; a terra parecia retirar-se e me deixou flutuando à deriva; estranha experiência: por mais que eu gritasse, ninguém me ouvia; aliás, eu não sei se gritava, apesar do esforço; nossas dimensões eram diferentes e constatei uma terrível realidade: eu já não era eu, nem era alguém daquelas pessoas que por mim passavam; eu estava só e sem condições de retorno. Invoquei o tempo; fiz-lhe uma promessa: lutaria por pagar o aluguel; firmei nesse pensamento com tanta força que me vi num vórtice, descendo, descendo em rodopio. Quando entrei de volta, esqueci o que me propus fazer e hoje não sei quem sou, não sei para onde vou; perdi o sentido de mim mesmo.

O Conto - 3/3 (Em 20/09/2007)

Escrevi este conto inspirado num e-mail que mandei a todos: uns bonecos carregando cada um uma cruz. A mensagem diz respeito a todos nós.

Um deles se dirige ao Senhor e clama que a cruz está muito pesada, se pode cortar um pouco; aparece, em seguida, o moço cortando parte da base da cruz; restam pedaços de madeira no chão; logo adiante, o mesmo se dirige ao Senhor, reclamando que a cruz continua pesada, se pode cortar mais um pouquinho; segunda imagem de ele cortando a base da cruz; na imagem seguinte, aparecem os outros todos com suas cruzes praticamente arrastando a base; a dele está distanciada do solo; ele canta.

Súbito, todos se deparam com um vale; a cruz dos outros serve de ponte sobre a qual eles atravessem para o outro lado; a extensão da cruz cuja base fora cortada não alcançou apoio na outra margem.

Imagine quantos espíritos estão nessa condição... não adianta querer escapar dos próprios problemas; cada um tem de carregar os seus.

Temos atualmente muitos exemplos dos que tentam burlar a justiça sem saber que as leis dos homens são cópias das leis divinas; não obedecendo a umas, estamos transgredindo as outras e entre umas e outras há o vale que não poderemos atravessar. Voltar! Como? É ficar ali sujeito aos ventos que acabarão por nos açoitar lá de cima.

Festa de arromba (Em 13/09/2007)

Todo amor, vencido o susto,

Renan já levanta a testa.

Dormita o sono do justo.

E segue em rito de festa.

Foi gloriosa a porfia

De homens tão devotados

Ao lobby bem aplicados

No dever de cada dia.

Primeiro no escuro foi.

Depois, festa e no lugar,

Põem-se os homens a dançar

Nesta folia de boi.

É uma festa bonita

Na base de paz e amor

Quando se fala ou se grita

O polvo muda de cor

Pólo do repouso 1/3 (Em 13/09/2007)

O Rodrigo Gonzalez, paulista que mora no Amazonas, associou os sete atributos de que tratei em artigo anterior com os sete chacras do corpo humano. (1)

Já comentei sobre este assunto; creio que indiquei a função de cada um, o que não custa repetir, se houver necessidade. É que surgiu um fato novo com o DVD “O Segredo 2”; filme de extrema utilidade; ele simula como a energia penetra em nosso corpo.

A energia que chega a nossa casa é conduzida por dois fios e correntes diferentes: positiva e negativa; também em nosso corpo existem essas duas correntes; a energia positiva corresponde à energia do movimento; o pólo da negativa, corresponde à energia do repouso.

Nas paredes e no teto de nossa casa, existem tomadas; os fios vêm por dentro da parede e, nessas tomadas, acendemos as lâmpadas que iluminem o ambiente.

Os chacras são essas tomadas; por ali chegam as duas correntes de energia e nós fazemos a instalação para iluminar a mente.

Conseguimos isso pela meditação

“O Segredo 2”, um trabalho de altíssima qualidade pela magnitude do assunto; apesar de tanto apuro, de tanta propriedade, de tantos recursos técnicos, no filme, não dá relevo à energia do repouso; não mencionando a energia do repouso, não há com mencionar os chacras.

Chego a imaginar que os autores reservaram o assunto para um possível terceiro CD, o que seria um magnífico serviço prestado a todos os que se interessam por essa área, até agora tão obscura, mas de absoluta necessidade; um CD assim se colocaria à frente de dezenas de livros lidos sobre o assunto.

É compreensível a omissão: pura honestidade de seus autores que não quiseram referir-se a um assunto para o qual não encontram fundamentação científica.

Mas nós sabemos que uma pessoa quieta, ereta, os olhos fechados está em meditação; ela sai do movimento e busca a quietude no repouso.

Os cientistas nos recomendam exaustivamente a meditação e o silêncio interior; logo, estão nos orientando que saiamos do mundo do movimento; se estamos saindo do mundo do movimento, estamos na direção do mundo do repouso e gerando energia para iluminar nossos sete chacras.

O chacras - 2/3 (Em 13/09/2007)

Os chacras são pontos por demais controvertidos e pouco esclarecidos, exatamente porque lidam com a energia do repouso; o que ouso a seguir é dar uma interpretação minha que você pode conferir com o que já sabe sobre o assunto senão, pode ficar com esta.

O primeiro chacra, o chacra da base, na extremidade baixa da coluna, é o ponto do impulso, da razão da força da coragem. É ponto da razão porque a razão atua em duas dimensões: na dimensão horizontal, a da lógica, da matemática, trabalhando com dados materiais: números, células, estrelas; na dimensão vertical da verdade, a razão raciocina em função da fé, conduzindo a mente ao coração.

Também a energia desse chacra atua em duas direções:

- na horizontal, pelo vigor da reprodução humana;

- na vertical, quando o asceta retém esse vigor para que a energia suba pela coluna

alto da cabeça e daí ao coração.

É importante sabermos que um orgasmo em qualquer circunstância, deve se realizar na cabeça ou no coração. Fora disso, saturamos os órgãos de reprodução com excesso de energia do movimento; ali adiante o órgão reprodutor tem de ficar saturado; surge um tumor cancerígeno com conseqüência.

O chacra da base é o de maior carga energética; é o mais lento para que a energia demore ali e nos cobre a evasão.

Já com relação à mulher, as coisas estão invertidas: no homem, o movimento atua pelo lado de fora; na mulher, o movimento está embutido dentro dela.

Se ela puxar esse movimento de dentro para fora, ela adquire o vigor do homem em todas as suas atitudes; isso não convém a ela.

Se ela se mantém em seu estado normal do lado de fora, ela vive o repouso; o chacra da base tende a ser mais lento ainda; é por isso que, num ato reprodutor, a mulher precisa ser motivada.

1 - adoto a grafia chacra porque, quando uma palavra estrangeira é inserida em nosso

idioma, deve adaptar-se à grafia local. Não temos palavra escrita com K.

Diálogo - 3/3 (Em 13/09/2007)

- é; mas muitas vezes ela é que toma a iniciativa...

- mulher assim puxou a energia do movimento de dentro dela mesma e se aderiu à agitação.

- isso é que torna a descrença?

- se é descrente, é porque perdeu a fé em si mesma; não tem o que projetar.

- puxou o masculino de si e se deu mal!

- eis aí; ela não vive seu feminino e não acertou vivência no mundo do masculino.

- está à deriva.

- está num meio que foge às previsões da natureza.

- não tem como sair!

- é difícil porque ela não tem consciência de onde está.

- e o que dizer do homem de região invertida?

- uma criança que se traumatizou por uma pancada forte, uma decepção, uma doença grave,

está sujeita a deslocamento da energia do ponto do chacra para outra região; a energia do

chacra deslocada da base é, fustiga o lugar em que vai se acumulando.

- mas eles hoje encaram a situação numa boa!

- nem imaginamos o quanto sofreram antes de levantar a bandeira e se declarem adeptos!

- não tem conserto?

- tem; basta localizar o ponto de pressão e puxar, com a mente, a energia que se instalou ali.

- como se faz isso?

- concentrar-se com a mente dois centímetros fora do ponto agredido.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Invocação 1/3 (Em 06/09/2007)

- Senhor,

O que fazer da terra ameaçada

De tantas previsões, que reste nada?

Notaste o homem, que da espécie sua

Já quer armazenar um gen na lua?

O que fazer com ele neste enleio

De se perpetuar buscando um meio?

Será que por um gen o inconsciente

Ali povoará de tanta gente!

- Filho, fecha-te em ti mesmo

E bem fechada a porta,

Deixa que a terra se contorça a esmo.

Tua alma vive.

Interiorização 2/3 (Em 06/09/2007)

Você decerto já leu biografias deste ou daquele grande exponencial nas artes, na mística, na ciência; todos profundamente atormentados por algo que não conseguiam identificar. Faltou a eles o isolamento em si mesmos, a meditação; o encontro da mente com a consciência.

Os místicos fazem meditação, mas sua meditação é feita em função de um Deus fora de nós; eles olham para fora ou estando com os olhos fechados, visualizam sua entidade fora, num plano superior. Desesperam-se; Deus não está ali.

É o que aconteceu, por exemplo, com a Madre Tereza de Calcutá; todos a têm como santa; mas está saindo um artigo sobre as dúvidas dela com relação à existência de Deus; isso não diminui a importância de sua mística; o que faltou foi o direcionamento do foco; também São João da Cruz tinha essas dúvidas que as nomeava por “noite escura”.

Nós temos a consciência e a mente uma em cada extremo; entre as duas existe o inconsciente; no inconsciente estão acumulados todos os nossos traumas psicossomáticos, assimilados ao longo da idade ou antes dela.

A “noite escura” se dá quando a mente contempla seu Deus situado do lado de fora; a mente quer se interiorizar; não consegue passar pelo inconsciente; a mente não percebe a consciência em repouso além do inconsciente, porque seu referencial está do lado de fora.

Você percebe a importância de se concentrar no coração: você dá um drible nesses vendilhões instalados no inconsciente e que Cristo expulsa de sua interioridade.

Você vê no cinema o Cristo expulsando os vendedores, derrubando mesas, soltando aves, gritando que a “casa do Pai é casa de oração e eles fizeram dela um covil de ladrões” e você pensa: que Cristo irado, que coisa violenta!. Nada disso; aquilo é a demonstração de como você deve expulsar os vendilhões de seu coração; eles têm medo do silêncio e fogem.

Concentrar-se no coração. É só isso; o resto vem por acréscimo. É claro que, ao longo de sua idade, você sempre projetou a mente para fora; agora quer inverter a direção e isso demora um pouco, mas vale a pena.

Atualidade de Cristo 3/3 (06/09/2007)

1 - Não há coisa oculta, que não seja manifestada, nem feita em segredo, que não venha a

ser pública. Mc 4,22 - Lc 12,2

2 - Não só de pão vive o homem. Mt 4,4

Quanto ao versículo (a), há dois mil anos Cristo já nos advertia sobre a existência do movimento a que estamos sujeitos; nós já devíamos ter intuído e procurado seu oposto; somente agora começamos a despertar para esses assuntos; como nada fizemos para alcançar o outro pólo, nossa vida se desequilibra.

Por outro aspecto, a alma está em repouso; se estamos permanentemente retidos no movimento, não podemos alcançar a alma; sem a alma, ficamos sujeitos a toda espécie de doenças causadas pela energia do movimento em nossos tecidos internos.

Analisemos o versículo b – não só de pão vive o homem.

O pão é sólido; é energia condensada; nosso corpo, a fruta, o astro, no espaço são energias condensadas; a energia condensada está em movimento; como o homem não vive só do pão que está movimento, o homem precisa viver do lado oposto ao movimento. A expressão “não só” adverte-nos que é preciso aliar algo ao movimento; o que podemos aliar ao movimento é o repouso; o homem também vive do repouso. Não só de movimento vive o homem; o homem deve viver também de repouso pela meditação.

Observe que essas interpretações não se vinculam a qualquer linha de pensamento; falam apenas da interioridade de cada pessoa; o que lhe causa distúrbios é o excesso da energia do movimento; quando você entra em você, equilibra os dois níveis de energia e a paz se restabelece. Daí a importância da meditação.

E foram felizes para sempre - 1/3 (Em 31/08/2007)


A contraprova provou

Que a prova não existia.

Lavada em banho-maria,

A lei se desfigurou.

Nascido na valentia,

O processo caducou.

E todos os acusados

Somaram o soldo da farra,

Guardando o dinheiro em barra.

Ou na cueca, acobertados.

E foi assim, desse jeito

Que o mensalão foi perfeito.

Cerceando a mente - 2/3 (Em 31/08/2007)

Trabalhar com a mente é como tocar um instrumento. A escala musical é composta de sete notas básicas; a mente humana também tem sete atributos básicos. A melodia consiste na variação com que o compositor aplica esses sete tons e seus semitons; a fala humana deveria também ser produto da variação no emprego desses sete atributos e seus derivados.

Mas, o que acontece? Observem-se os oradores, os conferencistas, as teses de graduação: tudo é feito de memória; a memória é a primeira nota.

De nossa escala oral, os doutos se contentam em tocar seus instrumentos com apenas a primeira nota: desprezam os demais atributos: razão, inteligência, sabedoria, verdade, justiça e amor. Ficamos emperrados na memória...

Nas Universidades, o aluno não deve interpretar o texto. Basta situá-lo no seu contexto histórico, aliar esse contexto histórico aos dizeres do texto; omite-se assim a participação do observador; o observador é desmotivado na utilização da própria inteligência para relacionar a obra de arte com aspectos da própria vida.

Excelente maneira de bloquear a mente do estudioso...

O concertista, se apenas tocar o que o compositor escreveu, é um tocador; para que seja artista, precisa dar brilho às frases; elas precisam soar com outra sonoridade, aquela que venha de seu interior; além de modular o compasso, alterar o ritmo e tantas filigranas mais de acordo com sua sensibilidade.

Ao aluno de Letras esses avanços parecem negados.

Se o objeto analisado é uma obra de arte, ela emana da interioridade, ela vem de dentro para ser sintonizada pelo observador; o observador deve buscar, dentro de si, os ecos que a obra de arte lhe desperta; deve extrair das próprias entranhas um conteúdo que coloque a obra de arte em seu devido lugar de grandeza.

Um médico ante os resultados dos exames, tem uma gama enorme de opções para indicar certo remédio; mas ele indica um, de acordo com sua interpretação das circunstâncias; de acordo com sua experiência, sua formação e tantos outros aspectos pessoais que entram na deliberação de indicar uma receita.

Os formados em Letras estão vestidos com essa camisa de força; é rebentá-la que só encontra sentido no comodismo de quem só aprendeu a trabalhar com a memória.

É só ver como os conferencistas são memórias geniais; sabem tudo de memória, embora a memória seja um atributo de primeiro grau. Aí nós estamos emperrados! Um desastre!

Estamos atrelados ao primeiro atributo da mente, e impedindo os outros de saírem de nosso estado; e nos queixamos do atraso, quando somos os promotores do atraso.

O coração como centro - 3/3 (Em 31/08/2007)

Os que me acompanham nesses artigos já perceberam qual é a síntese de tudo o que afirmei até aqui: conduzir a mente humana para o coração; pedir a você cinco minutos de seu tempo para uma concentração no coração, não importa onde você esteja; não pense em nada, não queira nada senão o vazio do coração.

Você tem filhos, sobrinhos ou outros a quem tenha acesso? Conte a eles historinhas que envolvam o coração; mostre a eles a fisiologia do coração, que eles façam desenhos sobre o assunto.

Pode observar: o que falta à juventude de hoje é essa ida para dentro de si mesma. As crianças têm de ser motivadas a encaminhar-se para o coração porque este é nosso único destino. O destino humano é o coração individual; eu para o meu, você para o seu, o outro para o dele.

Sobre este assunto, ninguém pensou com mais objetividade do que Cristo.

Calma! Eu não me refiro ao Cristo histórico; esse já conhecemos bastante, na proporção em que nada conhecemos sobre o Cristo interiorização.

O que dificulta é o nível de linguagem de que ele se utiliza. No entanto, se suas falas forem interpretadas, Cristo é atualíssimo e ninguém no mundo se manifestou com tanta propriedade sobre a interioridade humana.

Veja um texto de Cristo e a respectiva interpretação para que você perceba o quanto

Cristo é atual:

“Tu quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, ora em secreto a teu Pai”. Mt 6,6

1 – “entra no teu quarto” – as partes que compõem nosso corpo são: cabeça – tronco –

membros. Cristo faz alegoria do coração como sendo a quarta parte de nosso corpo; o

quarto é o coração; entra em teu coração

2 – “em secreto” – é para orar “em secreto”, em segredo, em silêncio.

3 – “fechada a porta” – porta fechada para não vermos ninguém, em concentração.

4 – Pai é a Consciência que está no coração.

A interpretação fica assim: quando você quiser orar, entre em seu coração e se concentre em silêncio; pelo silêncio você se comunica com sua consciência.

De fato, se nossa consciência está em silêncio, nós só podemos nos comunicar com ela pelo silêncio

Perceba que o Cristo faz do coração o centro de nossas atividades espirituais.

Estou propenso a fazer algumas dessas interpretações de versículos; caso você tenha interesse em ver analisado algum, por favor é só mo indicar.

Carta - 1/3 (Em 23/08/2007)

Aqui tudo se faz por sintonia, já que não existe o pensamento. Os que trazem o pensamento, não estão em condições de ficar aqui; precisam voltar: faltou-lhes o enxoval para habitar estas paragens.

Você decerto se lembra que o pensamento se realiza apenas no mundo do movimento; já lhe disse que, do lado de cá, tudo é repouso, sem pensamento e tudo se realiza na interioridade de cada um, conforme seu grau de desenvolvimento.

Uma questão há de lhe surgir: se onde estou não há pensamento, como posso pensar para lhe escrever? Eu assumi o pensamento para dar testemunho da importância que seu trabalho aí. O objetivo foi de confirmar a importância do trabalho que você vem realizando aí e que aplicou em mim; quero lhe manifestar o quanto ele tem repercutido neste plano de cá, pelas confirmações que tenho verificado em mim mesmo das coisas de que falávamos.

Imaginemos que por aqui passassem pessoas desorientadas; nós assumiríamos o pensamento para ajudá-las, para esclarecê-las.

Saiba que aqui só aplicamos o que trazemos daí, plantado em nossa interioridade.

Na falta de gravidade, não se pende para a direita, nem para a esquerda, senão para o centro de nós mesmos. O centro neste ambiente está em cada um.

Somente quando cheguei aqui pude experimentar que a vida interior é falta de gravidade; não se têm pendores para qualquer direção, senão para dentro de si mesmo.

Aqui muitos cantam e seus cantos são ouvidos dentro de nossa mente; se não quisermos ouvir, é só desligar-mos e nos colocarmos em uma espécie de mar da serenidade. O alimento aqui é a meditação; o objetivo é a luz que sentimos como meta em nossa consciência.

Você me dirá: - mas se vocês têm consciência, têm alma e você disse anteriormente que a alma não nos acompanha; verdade. Assim foi, mas é preciso lembrar que a alma a que eu me referia era emissora de partículas como se fossem partículas quânticas; digamos assim que a alma daí ainda é uma alma que se estabelece no princípio; aqui, num grau já saído do mundo da matéria, a alma ganha dimensões de insinuadora dentro de nós e nos orientamos por ela.

Sinto-me progredindo, minha querida, progredir aqui é avançar por milímetro e andei fazendo certo exercício de isolamento que me parece somou alguma coisa de que não tenho consciência, mas cujo resultado eu percebo. Chego a imaginar que um plano superior, dentro de mim, determinou-me certo estágio e já me sinto separado dos demais. Nosso mestre é essa consciência, ou essa alma que nos fala do mais íntimo para o íntimo.

Se não lhe escrever mais, fique em você a certeza de que estou feliz pelo quanto me orientou; você foi decisiva na visão com que embelezou meus dias.

Não tenho vontade de lhe dizer adeus, não por apego, mas por uma profunda gratidão pelo quanto você me preparou para esses páramos; espero ainda poder demonstrar-lhe o quanto sou feliz por mérito seu.