A intuição é um atributo de contato pelo lado de dentro; nosso lado de dentro se relacionando com o lado de dentro das coisas, das situações; elas são da mesma origem e têm entre si um denominador comum, uma ligação de que só a intuição se serve. A intuição é também um instrumento de contato com nosso eu profundo; apóia-se no fio de relação íntima que as realidades possuem, em decorrência de suas origens comuns.
Ela resulta da persistência em dois níveis
Sabe-se de monges que estudam o mesmo texto curto, dissecando-o quanto à ortografia, a sintaxe, a eufonia, seu conteúdo, a que linha de pensamento, se é possível substituir alguma palavra e outras, até que se forme uma caixa de ressonância no interior do estudioso; a intuição busca ali os flashs de criatividade ou de maior alcance, conforme o direcionamento do texto.
Os grandes recordistas são experimentados na arte de repetir os mesmos gestos; com o tempo, esses gestos parecem guiados por mão invisível que aponta a fração de segundo em que uma ação deve ser aplicada para gerar recordes.
Dir-se-á que isso resulta da concentração; sem duvida, quanto mais nos concentramos, mais descemos em nós mesmos e quanto mais descemos, mais a intuição pula por dentro do vazio.
A concentração, se bem profunda, estimula a intuição; mas a concentração é acionada de fora para dentro; a intuição parece tomar a tocha olímpica da concentração e alcançar páramos insondáveis de onde traz o êxito cujo alcance nos surpreende.
Existe ainda um segundo grau de intuição: aquela que nos conduz ao eu profundo; essa se realiza sem ponto de referência, já que, no interior humano, mais profundo, mais vazio; o ar é rarefeito e a intuição só alcança o Todo aos pulos; é sua função porque ela mora no deserto.
A intuição é uma instância de ligação entre a vontade do homem e sua alma; entre a alma e a Fonte de suas Origens.
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