Decerto não haveria sonho se nosso inconsciente não estivesse agitado; o sonho é uma forma de o inconsciente manifestar as agitações que se passam na área do repouso; o sonho é uma espécie de catarse; uma bolha que estoura por pressão.
Por mais variadas que sejam as manifestações, o sonho está relacionado com quem sonha; quero dizer que todo sonho tem a causa primeira em quem sonha; outros componentes podem se aderir no percurso do sonho mas o impulso inicial vem do inconsciente de quem está sonhando.
O sonho é resultante de uma agitação de fora que se instalou no inconsciente; é produto de um movimento alojado no repouso, trazido por uma adversidade aguda, que dá origem ao trauma; o sonho é resultante de um trauma. Como os traumas estão esquecidos no inconsciente, fica difícil relacionar o sonho com sua causa.
Três são as providências que se têm tomado:
a – interpretar o sonho;
b – contar o sonho a alguém de confiança;
c – reproduzir o sonho por escrito.
Interpretar não resolve porque a inteligência relaciona fatos; encontra a relação entre os fatos; o sonho é um fato, mas a causa do sonho não é conhecida; a inteligência não pode relacionar o sonho com uma causa de que nos esquecemos.
Contar o sonho a alguém: quem nos ouve está em repouso para nos ouvir; como o sonho se expressa no movimento, repouso e movimento dão origem a um terceiro elemento que só pode ser uma interpretação, ou uma orientação; não se alcançou a causa do sonho.
Escrever sobre o sonho é o correto porque enquanto descemos em nós mesmos à procura da palavra ideal relacionada com a imagem do sonho, criamos oportunidade para que a causa de nosso sonho possa escapar pelas fendas abertas na descida. Além do mais, a escrita se verifica no silêncio em que, quem escreve, está em contato com sua intimidade, daí pode surgir a catarse, o alívio.
- E se o sonho se relacionar com aspectos sobrenaturais? Eles não estão em nosso inconsciente!
- Eles sempre estão em nosso inconsciente, mesmo que seja por aspiração do espírito.
- Qual a atitude a se tomar?
- Você pode comentar, interpretar, contar a alguém, ou escrever sobre ele; depois disso, vêm mais duas etapas:
- meditar sobre ele: as cores, os gestos, o conteúdo, as pessoas ou coisas, alguma idéia solta, tentar ligar as partes fragmentadas porque ele é portador de uma mensagem;
- tentar intuir sobre a mensagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário