Paz é projeção, reflexos de um mundo em harmonia. A paz está no fundo de um funil para onde convergem todos os silêncios.
A paz está na raiz de uma abdicação; abdicação supõe o silêncio interior; o silêncio interior se faz pelo coração; a paz verdadeira é a que brota de um coração silencioso.
Um estado de paz é forte indicador de referenciais internos que escapam a nossa percepção; um estado de paz comprova a existência de valores instalados nas câmaras secretas de nosso ser; um estado de paz é manifestação da alma, quando são desimpedidos os obstáculos que a mantêm distanciada de nossas aspirações maiores.
Os homens querem a paz, mas dotam os espíritos de trincheiras construídas com esperteza; o espírito, como não tem referencial interno, dá aquilo como verdade, sem saber distinguir entre a bomba e a fé; adota o vício na esperança de paz; mas a paz não alimenta filhos bastardos; a paz não circula por esses becos de mão única.
Há os que buscam a paz no contato com a natureza, nos claustros; mas os ambientes reagem como extensão de uma realidade que habita no mais íntimo de nosso ser; sem lastro de paz, a paz do ambiente cava mais fundo nos destroços de nossas angústias. A paz escapa incontrolável e desliza de mansinho somente pelas esteiras do silêncio.
Se os homens não têm paz é porque perderam o referencial em si mesmos e condicionam sua paz ao empenho alheio, mas a paz não é coletiva; coletivo é o armistício, a trégua.
A paz tem seus coadjuvantes e o principal deles é o direcionamento que damos a nossa mente; a paz preenche o espaço vazio deixado pela mente; enquanto esta se desloca para o coração, a paz assume o lugar vazio e dá um sentido maior a nossa vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário