terça-feira, 16 de novembro de 2010

O grito da inocência - 2/3 ( Em 10/01/2008)

Todos ouviram aquela meninha gritando por socorro; não era por ela, senão por nós; era o grito da consciência, na tentativa de acordar os homens.
Tenho insistido e insistirei sobre a função da mulher no resgate do homem. A mulher incumbida de esmagar a cabeça da serpente, e o que se verificou foi exatamente o oposto: um homem esmagando a cabeça da serpente para resgatar a mulher ou melhor, o masculino esmagando a serpente em defesa do feminino.
Aqui e belo e o trágico se conciliam na inocência.
Todos viram ou leram sobre aquela menininha, sempre as menininhas mandando-nos mensagens...; ia ela pelas margens da estrada e foi atacada por uma sucuri que se lhe enlaçou nas pernas; ela aos gritos levada para o mato. Um homem lhe ouviu no desespero e, literalmente esmagou a cabeça do animal pra tirar as pernas da menina daquele nó.
Dir-se-ia que o acontecimento não é para tanto; quantas crianças morrem de fome aqui, ali, acolá e a coisa se dilui na indiferença morna do conforto.
É preciso pensar: o episódio teve repercussão nacional; alguma coisa há por trás dele:
- o homem substituindo a mulher na preservação da vida?
- o homem lutando contra o dragão para preservar a inocência?
- se o homem já está defendendo a inocência, o que está havendo com a mulher?
- se o mal foi superado, o homem é o novo Cristo?
- ou essa menininha foi chamada a despertar, em momento extremo, suas potencialidades?
- ou esse animal se doou para despertar homem e mulher?
- você acha que esse homem, depois do que fez, será o mesmo?
- não nos esqueçamos da lei de causa e efeito. Esse homem será o mesmo?
É mais uma criança colocando o corpinho a serviço de nos acordar. No pretexto de se salvar, gritou por chamar a atenção para acontecimentos que nos arrastam, sem que nós tenhamos consciência de sua gravidade.







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