Os que lêem sobre Cristo, o que fez na terra, percebem o quanto ele nos colocou sempre como centro da vida dele. Nós como centro de suas realizações, de suas falas. Ele queria que nós desenvolvêssemos a própria consciência, pela interiorização.
Cristo se retirou, Cristo se foi de nós e nós colocamos Cristo como centro de nossa vida. Invertemos o foco que Cristo estabelecera: em vez de olharmos para nós, passamos a olhar para Cristo; esquecemos de nos desenvolver interiormente.
Não tendo agido assim, não expandimos o nível de nossa consciência.
A doutrina de Cristo, vista por este ângulo, é completa porque suas normas se aplicam umas pelo lado de fora, outras pelo lado de dentro de nós mesmos. Avança do mundo do movimento para o mundo do repouso; o mal é que até agora continuamos patinando pelo lado de fora, sem encontrarmos a porta para a entrada.
Não percebemos que a entrada é apenas conduzir a mente para o coração e aí permanecer o mais que pudermos. Nisso é que consiste o desvio de foco: em vez de procurarmos trabalhar nossa interioridade, ficamos presos aos fatos pela memória, mesmo sabendo que esses fatos se verificaram num tempo e espaço distanciados de nossa realidade.
Horizontalidade é: mente x fatos; fatos x mente; temos de dar um jeito de sair desse pingue-pongue.
Cristo nos dá um exemplo com a parábola das dez virgens Mt 25,1 Saíram, com suas lanternas para uma festa de casamento; à espera do noivo, puseram-se a dormir; quando o noivo veio, já era tarde da noite e cinco delas acenderam suas lâmpadas; foram convidadas a participar da festa; às outras não tinham providenciado azeite para acenderem suas lanternas; pediam emprestado, sem que ninguém lhes atendesse; ficaram do lado de fora; não conseguiram entrar.
Parece meio sem sentido esta parábola mas, se observarmos bem, ela se refere aos mundos do movimento e do repouso; lados de fora e de dentro de nós mesmos; todas eram virgens, portanto, já tinham o coração limpo de qualquer desejo; já tinham trabalhado seu lado interno; todavia, as cinco não tinham experiência de lidar com o lado externo de si mesmas; faltou-lhes a experiência com o mundo de fora; faltou-lhes planejamento; elas não foram previdentes; não
Conseguiram conciliar o lado de dentro com o lado de fora; dessa conciliação, nasceria a luz para suas lamparinas; elas não alcançaram iluminação com um lado apenas de seu desenvolvimento.
Um outro aspecto desta parábola é que, quando se trata da espiritualidade, ninguém pode nos emprestar, porque ninguém consegue transferir um grau de desenvolvimento para o interior do interior do outro; o desenvolvimento é individual; cada um tem de alcançar o seu; alguém pode me mostrar o caminho, mas só eu posso percorrê-lo.
Eis por que afirmei que a doutrina de Cristo é completa; porque, como no caso dessas virgens, um lado só de desenvolvimento não é suficiente e o cristianismo orienta nosso desenvolvimento pelo lado de fora e possui um manancial de doutrina capaz de nos conduzir para dentro de nós mesmos, no sentido de nossa iluminação; é só ler os textos sem preconceito.
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