Originadas de traumas, elas falam a linguagem de cada um deles, quando não, todos ao mesmo tempo e nossa cabeça se transforma num balaio.
Justifica-se por que Deus manda Moisés tirar dos pés as sandálias que o lugar é santo. O lugar santo é nossa interioridade; as sandálias são essas vozes de negação, os vendilhões que o Cristo expulsa do templo de si mesmo; elas se manifestaram no Cristo como o tentador no deserto, propondo condicionamentos mirabolantes; elas são os “inimigos” que Cristo quer “colocar debaixo dos pés”, porque são mestras em nos estimular os desejos de ser mais, de ter mais.
Das novelas de cavalaria, ainda ressoam em nós as palavras do escudeiro chamando a atenção do moço príncipe: “tire essa roupa velha que sua mãe lhe deu”, orientando o jovem a se corrigir interiormente para merecer entrar no castelo de si mesmo.
Em Grande Sertão: Veredas, o Riobaldo está ao banho e ouve, a distância, os tiros dos inimigos atacando seus liderados; ele se veste às pressas ouvindo a gritaria em sua mente: não adianta, você não chegará a tempo, tudo está perdido. Riobaldo supera esses guinchos em si mesmo e se põe à frente de liderar seus companheiros, que o maior dos inimigos estava dentro, nele.
Quantas vezes essas vozes nos tomam de assalto e nos puxam para baixo ante o imprevisto da doença, do insucesso?
Elas são mestras também no espezinhar a vida alheia com extrema intensidade, a ponto de nos afogar a razão.
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