Existe a separação entre o Pai e o Filho, entre a Consciência e a Mente; embora separadas, elas se relacionam, mesmo que seja apenas pela energia; a que deu origem serve de referencial para a originada. O Pai é referencial para o Filho; a Consciência é referencial para a Mente.
O espírito está impedido de ter a alma como referencial; eis o maior dos problemas: entre ambos, está o inconsciente; os traumas constroem uma parede e o espírito fica sem acesso aos atributos da alma. O espírito se utiliza apenas dos atributos da mente: memória, razão e inteligência; com esses, o espírito pode sondar até as profundezas de Deus, todavia não consegue sondar nossas profundezas; não tem acesso ao silêncio interior, não sabe lidar com: a sabedoria, verdade, justiça e amor. Os atributos disponíveis para o espírito abrangem toda horizontalidade, mas o espírito precisa ganhar verticalização.
Duas são as providências que podemos tomar para verticalizarmos nosso espírito.
a – adoção da verdade como norma de conduta;
b – descer com a mente ao coração.
Quanto à descida com a mente ao coração, já é assunto que vimos discutindo em todos esses textos. Pareceu pertinente discutir aqui apenas a adoção da verdade.
A verdade é, de entre os atributos da alma, aquele que nos acompanha individualmente em todos os nossos atos, mesmo na solidão de nossa intimidade; a verdade se situa na perfeita obediência às normas que eu estabeleço para mim mesmo; qualquer negligência é contrária à verdade; se estabeleço, como norma, arrumar a cama, qualquer negligência neste ou em outro sentido será contrária a minha verdade. A verdade parece registrar tudo em uma folha de papel que vai mostrando ao espírito; o espírito assimila e se orienta pelo que ali estiver escrito. O adiamento consciente de meus deveres, a desconsideração com o pobre, o suborno, a aula dada de forma desatenta, tudo isso são fatores que prendem o espírito à terra por falta de referencial mais alto, superior.
A verdade se situa também no perfeito ajustamento entre o que eu penso e o que eu digo. Aqui nos deparamos com dois fatores de separação mais acentuada entre o espírito e a alma:
a – a sonegação do saber;
b – fazer calarem-se as vozes internas.
Se eu deixo de transmitir ao outro o que sei, estou tirando dele a possibilidade de se desenvolver com o que eu aprendi; eu não partilhei meu saber. Fala-se tanto em caridade e não se pratica a principal delas que é o esforço por esclarecer o outro.
As vozes internas nos levam a ser trapaceiros, mesquinhos, inseguros e tantas coisas assim; elas são repulsivas ao espírito; o espírito se volta para o lado oposto a elas; o lado oposto às vozes internas é a terra; o espírito se volta para a terra, distanciando-se sempre mais da alma.
As vozes internas se originam no inconsciente; elas falam a linguagem dos traumas dentro de nós; cada uma fala dispersa ainda mais o espírito.
Separado da alma, nosso espírito não consegue fazer pólo com ela e, no ambiente em que deveria se fazer a luz, prevalecem as sombras.
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