Não existia o universo, nem o espaço, nem a luz; apenas o repouso e o nada; o repouso já era alguma coisa; o nada era outra; do repouso, emanou o nada; temos aqui o princípio da dualidade que rege o universo; o ato de emanar supõe energia e movimento; o movimento é o gerador e transformador das coisas; com a intensidade do movimento, geraram-se os resíduos que se transformaram em corpúsculos; por força de expansão, surgiu um fator de organização a que damos o nome de mente; a mente passou a organizar as espécies e, ao tempo que organizava, organizava-se, expandia-se em condições de atender a demanda do mecanismo cada vez mais complexo. Assim como da luz emana a sombra, um elemento gerado dava e dá origem a seu contrário; isso em escala descendente. O processo de criação se expandiu tanto que estava em vias de perder o vínculo com o repouso inicial; a mente, se socorreu do repouso; algo tinha de ser criado que pusesse limites à expansão vertical.
Introduziu-se a vida e a vida ganhou progressão ascendente até o homem; o movimento das coisas é descendente, para baixo; o movimento da vida é ascendente; os sintomas da progressão da vida podem ser notados na seqüência com que o homem se utilizou da mente: primeiro a memória pré-lógica; depois a razão desenvolvendo-se com o cientificismo; por fim, a inteligência, em vias de começar.
Com o uso da inteligência o homem terminará o primeiro estágio; o estágio da vida na matéria; terminado o estágio da vida, o homem será espírito; viverá no mundo da energia.
Você quer saber quem somos? Somos um espírito limitado pelo inconsciente. Nosso inconsciente impossibilita qualquer comunicação do espírito com o mundo do repouso. Lembra o muro de Berlim? Nosso inconsciente é coisa assim; do outro lado temos disponíveis os atributos internos de: sabedoria, verdade, justiça, amor e derivados; do lado de cá, apenas: memória, razão e inteligência.
Nosso tempo de preparar o espírito é aqui porque, fora daqui, o espírito disporá apenas do que assimilou aqui; fora deste plano, o espírito não disporá de nenhum atributo dos que citei; haverá apenas a mente desenvolvida ou não. É preciso ficar bem claro: o espírito do homem não tem qualquer relação senão com a mente do homem; o homem imprime suas leis no próprio espírito e ele sai deste plano sabendo como aplicá-las na dimensão seguinte; para saber aplicá-las, ele precisa tê-las exercitado aqui; acontece que se ele aprendeu a aplicar apenas os órgãos dos sentidos, do outro lado não existem os órgãos dos sentidos e ele não tem como praticar o que fazia aqui.
Fora deste plano, é a energia; a energia é de dois pólos: o pólo do movimento e o pólo do repouso; se o homem imprimiu no espírito apenas leis do pólo do movimento, esse espírito se insere no movimento e, por não dispor dos instrumentos de aplicação, fica à deriva; um corpo boiando nas correntes de energia; tem de encontrar um meio de voltar.
Se o homem lhe imprimiu leis do repouso, ele se encaminha para o repouso, onde as ações são mentais e dispensam os órgãos dos sentidos.
Nossos sofrimentos, nossas angústias e solidões são causadas porque nosso espírito não tem um oposto acima, como referencial para manter o equilíbrio. Como o espírito não tem referencial acima, ele se faz referencial com o mais fraco e se impõe sobre ele pela opressão, exploração vilipêndio
Você quer saber se isso tem solução? A verdade é uma delas que você pode praticar no isolamento de si mesmo; praticando a verdade, você estabelece um canal de acesso à própria alma; praticar a verdade aqui é cumprir religiosamente as normas que você estabeleceu consigo mesmo, do tipo: arrumar a cama, deixar as coisas em ordem, não adiar os compromissos por negligência, não acumular débitos; não sonegar o saber; o saber sonegado age dentro de nós como um trauma; tudo isso e muito mais é contrário à verdade que você estabeleceu para si mesmo. A vida é uma espécie de mecenas: proporciona-nos tudo para que nosso espírito possa munir-se de esclarecimentos quando tiver de agir sozinho fora deste plano.
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