quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Pergunta - O século 20 foi um grande cemitério? (Em 01/09/2006)

Se a entendermos ao pé da letra, estamos vendo que o século 21 talvez já tenha dizimado metade dos corpos que se enterraram, em conflitos, ao longo do século 20.

Parece-me, no entanto, que a pergunta se refere à mente humana: o século 20 enterrou a mente humana? Eu lhe diria que não.

Os atributos da mente precisam ser utilizados um em função do outro e não como vimos fazendo até agora, dando ênfase à utilização maciça da memória, sobretudo num século que pretende ser avançado como este nosso.

Foi possível que a humanidade sobrevivesse pela memória até o século de Descartes, quando teve início o racionalismo. O racionalismo culminou com o cientificismo do século 19.

Se no século 20 tivemos a bomba atômica, Chernobil, que enterraram tanta gente, elas causaram uma profunda comoção no sentido de se encontrarem caminhos para uma certa transcendência, que se espera tenham repercussão neste século.

Dessa busca incessante, é possível destacarmos dois nomes de filósofos que, no século 20, buscaram as relações de suas ciências com realidade interior do ser humano.

Henry Bérgson, para quem o método dos métodos é a intuição:

Pierre Teilhard Cardin que conduz suas pesquisas científicas com a visão direcionada para um ponto ômega, no espaço aberto.

Se eu aceitasse que o século 20 foi um cemitério, teria de creditar ao século 21 a fase da ressurreição. Acontece que nós ainda precisamos dar impulso à ciência na busca de encontrar relações com nossa realidade interior; aí a ciência se iluminará pela conciliação dos opostos.

Acredito sim que estamos iniciando uma “corrida” para a interiorização; a inquietação e paradoxal, condição de precisarmos nos proteger por atrás das grades em nossa própria casa é o prenúncio de que, por trás disso, está a luz. Quem sabe assim confinados, nós tenhamos tempo de refletir sobre nossa condição e encontrar os caminhos que aqueles filósofos buscaram apoiados em suas ciências.

A inversão de culturas que se verifica atualmente entre o Oriente e o Ocidente teve início no século 20. O Oriente está de mudanças para o Ocidente; o Ocidente instalando suas tralhas no Oriente; isso nos indica que estamos fincando o pé no chão para iniciarmos a “corrida” para dentro de nós mesmos, nem que seja sob a influência de olhos oblongos.

Outro aspecto de vivificação do século 20 foi o advento da comunicação a distância, a alta tecnologia foram produtos do esforço humano no sentido de vivificar o século vinte que, sob este aspecto, foi comparado ao século das grandes navegações.

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