Falávamos sobre educação; o quanto a maioria das escolas se afastou da educação, assustada pela interferência impositiva dos pais.
O Ensino se tornou de fachada, de faz-de-conta por interferência, insistência e intransigência de muitos pais. Eles assumem influência de pedagogos e são capazes de submeter o esforço do professor a seus caprichos, via direção.
Não se nega a importância dos pais na escola, como meio de partilhar o andamento administrativo, nada melhor. Não foi este aspecto que discutimos. Nosso assunto se limitou àquela área em que o professor desenvolve suas atividades e apresenta produção; essa sofre obliteração por alguns; e esses alguns contaminam o processo porque o professor, ou se amolda a ela, ou precisa desocupar aquele espaço. Triste realidade...
É transição; mas, nessa transição, o aluno fica transitando pela escola, com a absoluta certeza de que não precisará assumir as conseqüências de sua indiferença. Os pais garantem, tirando ao filho, à filha o imprescindível dever de manipular as próprias virtualidades; cerceando o próprio filho no processo de se desenvolver.
Os alunos do Colégio São Bento, do Rio de Janeiro, foram os primeiros na prova do ENEM de 2005. A imprensa quis saber qual era a mágica; deparou-se com uma informação simples:
- nosso método de ensino é de 114 anos atrás; o aluno que não estudar, perde a vaga.
Têm esses doutos mestres a consciência de que a mente humana não muda; sabem que Educação é isso: cobrar do aluno que desenvolva as próprias potencialidades. Isso ninguém pode fazer por ele.
Quanto mais amparado, menos se desenvolve e a escola passa a criar facilidades para o aluno que deveriam ser conquista sua.
É o exemplo daquela borboleta: lutava por sair do casulo; o menino quis ajudá-la e percebeu depois que algumas partes ficaram atrofiadas; não tinham sido submetidas ao esforço de sair; a borboleta não conseguiu alçar vôo.
Assim é essa juventude protegida debaixo do casaco dos pais: não se desenvolve porque os próprios pais as ajudam no sair da casca; a mente atrofia.
Depois lamentam iniciativas dos filhos que se distanciam de suas previsões...
Educação é a formação integral da pessoa humana. Atualmente um outro mal veio juntar-se ao primeiro: é a utilização maciça da memória.
A memória transita na linha horizontal passado – futuro; acontece que a formação integral do ser humano se realiza na verticalidade: mente – coração; a memória passa distanciada desses dois pólos; este é o motivo por que o aluno se torna insensível, desinteressado, sem iniciativa e tantas conseqüências assim; ele não se sente integrado no processo da própria formação; torna-se um estranho ao próprio estudo; suas potencialidades não são desenvolvidas porque, pela memória, saímos de nós mesmos e nos refugiamos no fato histórico que nada tem a ver com nossa realidade atual. Pobre ensino. Pobre aluno...
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