terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Aniversário (Em 17/11/2006)

Um aninho. É verdade; este blog fez um ano, com quase uma centena de assuntos. Um crítico que me lesse os textos diria que sou um alienado: não trato de folclore, criança carente ou peixe-boi; não vivo o Brasil.

O Brasil é formado por homens; os homens decidem sobre o destino da nação; então o objetivo deve ser o de formar os homens que formem a nação. Uma nação também tem interioridade na soma das interioridades de seus filhos; se não se trabalha a interioridade da nação, haverá pobreza; haverá um desgaste, porque outras nações trabalham a vida interior dos seus e eles serão mais completos nas disputas de toda espécie. Entre nós, os homens estão confinados em seus escritórios; não perceberam as dependências de descanso na própria sala.

Meus textos abordam exatamente essa área esquecida, onde se instalam os grandes silos de fornecer alimento para reflexão. Conduzir-se para dentro de si mesmo não significa que o homem deva abdicar de suas lides de cada dia; ele precisa ter sucesso, projetar-se e é natural que assim o seja; meu objetivo é somar, não subtrair; se o homem vale mais quanto mais tem, por que não acionar os valores de dentro para ter mais?

Uma segunda crítica diria que sou pretensioso no imaginar pessoas interessadas nesses assuntos. É certo que, sem eles, a defesa da mente humana seria menor; pelo tema que abordam, juntam-se a outros esforços no mundo por alcançarem uma conscientização de que nossa realidade é de dupla natureza.

O que se discutiu nesses artigos? As duas dimensões do homem. Foi um apelo; precisamos acordar para essa realidade.

Um barco remado com um só remo, gira em torno de si mesmo; não avança; assim somos nós: atuando apenas pelo lado de fora de nós mesmos, a mente não avança: apenas circula atraída por um buraco negro que suga sobre nós o tempo e nos reduz a nada; todo esforço despendido pelo homem é vazio se ele atua com um só remo, de um só lado de sua natureza.

O homem só marca ponto na direção de seu destino quando trabalha as duas dimensões de seu ser, atuando do lado de fora, nas lides de cada dia e pelo lado de dentro de si mesmo, buscando se enquadrar no âmbito da justiça, da verdade, da sabedoria.

Do ponto de vista da formação integral do homem e por mais avançada que esteja, a ciência não tem contribuído para que o homem conheça um pouco de si mesmo; meus textos correm na direção de mostrar a necessidade desse conhecimento. A ciência liga o fato concreto com outro fato concreto e isso é lidar com um só remo: a ciência avança, mas em torno de si mesma, apoiando-se em fatos científicos similares, de um só lado do barco.

Aquele fazendeiro ganhava todos os concursos de produção de milho. Qual o segredo? Distribuía os grãos maiores de seu silo entre os concorrentes e explicava:

- O vento carrega o pólen das sementes de milho; o pólen conduzido nutre todas as espigas da espécie; se receberem pólen de sementes inferiores, minhas sementes também se tornarão inferiores.

Também nós; se não distribuirmos os grãos bons de nossa colheita, ela murcha e a produção será raquítica porque, do lado de fora é o sol, o movimento que dissipa os valores da produção; eles precisam ser passados para outras consciências, mesmo sem concorrerem a qualquer prêmio; o prêmio está no ato de passar.

Esse fazendeiro era depositário da boa semente e não a retinha; aprendamos com ele: se temos a semente de nossa vida interior, precisamos passá-la e outros para que robusteçam a plantação.

Agradeço sobremaneira aos que lêem estes textos. Continuarei escrevendo para ser presença aos que passam, se quiserem deixar algum recado, serão bem vindos. Será a forma de eu me perceber distribuindo a boa semente, sem me esquecer da parábola do semeador que saiu a jogar suas sementes pelos quatro tipos de solo. Queira Deus que eu encontre pelo menos um desses solos onde a semente de meus textos possa encontra ambiente de se desenvolver.

Sem ilusão, mas com persistência, eu continuarei na esperança de que a semente encontre algum terreno onde vicejar.

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