A mente é composta de três atributos: memória, razão e inteligência.
Nós estamos utilizando maciçamente a memória; mas a memória atua apenas no plano horizontal passado e futuro; passado e futuro são realidades fora de nossa realidade; por estarem fora de nossa realidade, passado e futuro nos causam euforia ou temor, pelas profecias tecidas pela mente.
Quando nos utilizamos da memória, a mente se desloca de nós para o lugar onde o acontecimento se verificou e no tempo em que se verificou; nós ficamos como que esquecidos; fora da aplicação que estamos operando.
A mente retorna e não traz qualquer vínculo com o acontecimento de que se ocupou; o fato se dilui; é história; não é de meu tempo; eu nada posso alterar. O que eu posso fazer a respeito de um homem chamado Adão que foi expulso de um certo paraíso? Já faz uns três mil anos ou mais e ninguém consertou, não serei eu que vou consertar!
A utilização exclusiva da memória nos torna acomodados, indiferentes, insensíveis, omissos, alienados, medrosos, inseguros, sem imaginação, sem criatividade, intransigentes, donos da verdade.
A memória é atributo de primeiro grau; a razão de segundo e a inteligência de terceiro grau. Inteligir é relacionar, interligar, interpretar.
A memória precisa ser complementada pela inteligência. A memória destacando o fato; a inteligência relacionando esse fato também, com nossa vida interior.
Assim perceberíamos que Adão é nosso espírito e esse paraíso, nossa interioridade; pelo uso abusivo da memória, nosso espírito fica tão distanciado de nós quanto Adão.
Como não se relacionam os assuntos estudados com o ser humano, inteligir passou à condição de apenas relacionar coisa com coisa, espécie com espécie; o prefixo “in” perdeu o conteúdo de interiorização, aprofundamento vertical.
É só observar os conferencistas, os professores, os oradores; eles conduzem suas abordagens pelo âmbito da memória e, quando relacionam, relacionam coisa com coisa; a formação do homem fica relegada.
Veja isso na faculdade: o catedrático indica 10 ou mais livros; qualquer participação do aluno nos debates tem de ser fundamentada naqueles livros e o estudante fica à margem do próprio estudo, porque sua condição humana não é considerada.
São sete os atributos de que o ser humano pode se utilizar: memória, razão, inteligência, verdade, justiça, amor e sabedoria. Nós estamos emperrados ainda no primeiro atributo.
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