terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Profecias - Respondo (Em 20/10/2006)

Você fala a respeito de profecias que circulam pela Internet?

O futuro a Deus pertence.

Não discuto o mérito dessas profecias, não. Sou contra essa espécie de “terrorismo” que só vem expor ainda mais as cicatrizes das incertezas que circulam pela cabeça de muitos.

Não se pode ignorar a similaridade delas com as previsões da ciência: catástrofes terríveis em decorrência do desequilíbrio do planeta; não há como evitá-las porque tudo é causa e efeito; ação e reação; a natureza vilipendiada por cima, pelo meio e por dentro, não consegue segurar a barra.

Por cima, é a poluição do ar, inclusive o lixo de milhares de toneladas que as espaçonaves deixam no espaço; pelo meio, é a devastação; precisa citar números? Não. A coisa é a olho nu; por dentro são as experiências atômicas. Há uns cinco anos, a França fez, se não me engano, sete experiências subterrâneas com bombas atômicas; todo mundo já esqueceu isso, mas as contrações no útero da terra perduram na busca de assimilarem os impactos; agora a Coréia engrossa o cordão dos que invocam as tsunames que se prenunciam nessas profecias.

Um desses “profetas” se dá ao luxo de registrar em cartório aquilo que afirma; não se trata de pessoa ingênua, a ponto de não saber que esses registros poderão servir de testemunhas contra ele em processo de alguém que se sentir prejudicado.

Sei que tudo isso você já sabe; você quer minha opinião; você sabe também que eu me ative sempre a emitir opinião sobre a interioridade humana, dando ênfase ao aqui e agora. Não será diferente nesta questão.

Nós não estamos no ontem, nem no amanhã; nossa realidade é hoje, agora; no instante que estamos vivendo, sem a preocupação com o futuro; nós não estamos no futuro porque, se estivéssemos lá, estaríamos fora de nossa realidade atual e, se o dono da casa deixa a casa, vem o ladrão e saqueia tudo; o ladrão de nossa casa é o medo, a insegurança, a doença.

Um sujeito em alto mar, sob ondas violentas, não está pensando com o futuro; as providências têm de ser tomadas agora: agarrar-se ao mastro; o mastro de nossa viagem deve ser o agora; agarrar-se a ele, sem nos preocuparmos com as ondas, porque nada podemos fazer e, como dizia Goethe, “só nos resta segurar vigorosamente as rédeas e nos desviar aqui de um rochedo, ali de um abismo. Para onde se vai nessa louca disparada? Quem sabe, se mal sabemos de onde viemos?”. Perceba como o autor se fixa no agora com as palavras “aqui” e “ali”; aqui é o lugar onde você está agora; se você vai se desviar de um precipício, isso só acontecerá quando você estiver ali; quando você estiver lá, “ali” também será o agora. As rédeas são o agora, o único tempo de nos defendermos contra os rochedos e abismos, também formados pelas ondas gigantes.

As profecias também terão o seu agora, mas o agora das profecias é dispersão; o nosso agora é concentração.

Na literatura ocidental, nosso modelo é Cristo. Quem mais se manteve no agora? “vigiai e orai para não cairdes em tentação”. Podemos vigiar no futuro ou no passado? “Vigiai” significa estai atentos agora; “não cair em tentação” é não ter medo; não alimentar a insegurança. Isso se faz no agora. São Paulo diz que nós devemos nos advertir uns aos outros para vivermos em alegria num tempo que chama “hoje”. Entre muitas outras citações, cabe lembrar as parábolas de Cristo; elas são contadas num tempo passado para que nós façamos o exercício de nos situarmos no presente e encontrar dentro de nós as repercussões de sua mensagem.

Se as profecias que rondam por aí não encontram ressonância positiva em nosso interior, é porque elas não pertencem a nosso agora; saiamos delas com a consciência de que o futuro a Deus pertence.

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