quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Perder a Alma (Em 01/12/2006)

Na arte zen, um jovem samurai se dispôs a provocar o mestre; tanto fez e nada conseguiu; o mestre permanecia impassível; ao final de um dia, o provocador se retirou cansado e humilhado. Vieram os discípulos carregados de incertezas; como era possível suportar tanto! E disse o mestre:

- Se alguém chega até vocês com presentes, e vocês não os aceitam, a quem pertence o

presente?

- A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.

- O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem o carregava consigo.

Pois é. Aquele homem se colocou no lugar do monge zen: veio a provocação e ele nos mostrou como reagir, abdicando da própria vida.

Parodiando Sócrates, quando a morte se aproximar desse homem, com certeza cobrirá o rosto com um véu, exercerá bem depressa o seu papel e bem depressa se retirará, inibida diante de tanta grandeza.

Deixemo-lo seguir que já nos deu aula de quietude interior, sem se abalar sob os acenos da própria morte.

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