quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Idéia Fixa (09/02/2007)

Tenho idéia fixa sobre a interioridade humana; meus textos não se cansam de repisar o que já foi sovado, espremido e de que se retirou o suco. Eu, com certeza, não consigo enxergar além desses limites. Não tenho noção de onde queira chegar nem se é para chegar com esses textos; sei apenas que não posso me omitir; sou prisioneiro dessa idéia; a minha roda do tempo parou, em que lugar? Que região é esta? Qual dos animais é o guia, o que puxa a carruagem? Ele deve ser contido ou estimulado a correr? Fato é que eu fiquei para trás, há muito eu via a paisagem, mas agora ela se exibe apenas nas duas dimensões de mim mesmo, onde o tempo gira e onde o tempo parou. Sim, o tempo não circula por dentro de mim; que dentro de mim é a eternidade.

Estaria eu louco! Sofrendo de alguma obsessão! Verdade é que este mundo me embriaga; aqui tudo se dissipa; tudo flutua na ausência da gravidade que ficou lá fora.

Lembro-me de Sísifo subindo a montanha, empurrando a grande pedra que, a cada passo, ameaça o retorno compulsório. E aquele homem, aquele que quer tomar o ônibus e o ônibus não vem, o metrô está em greve, as lotações não alcançam seu bolso! Ele precisa chegar ao trabalho e se lança a pé sabe Deus a quantos quilômetros! Também ele não é Sísifo! Sísifo talvez empurre um peso inútil; o problema é apenas entre Sísifo e sua pedra; já com nosso homem, o problema é de tantas bocas por alimentar e ele empurrando preocupações de ser dispensado por atraso; é o pelicano de Baudelaire, as asas encharcadas o impedem de voar.

Tenho idéia fixa. sabe Deus quantos quilchegar ao local de trabalho e se lança a pqual Sdo ou estimulado na correria. __________________________Que pena! Como eu gostaria de encontrar tudo arrumadinho aqui dentro: saber distinguir aqui, a alma, ali um cômodo com o nome de cada um de seus atributos; lá distanciada a Consciência, a Mãe de tudo, a Mãe de mim, como eu gostaria! Mas que nada, aqui tudo é um algo fugidio: infinitas partículas se cruzam e recruzam num bailado de infinitos pés, nada se vê; nada se toca, tudo é intuição tudo é por ser. Ou já é o que é? Estou perdido nesta contemplação de nada que se densifica quando mais eu desço. Não desço por que queira, fique bem claro: sou empurrado por esses caminhos de solidão. Meu Deus! Estar só já é uma característica de meu tempo; mas aqui se está só e sem nada; o nada é tudo o que se pode pleitear nessas distâncias. Distância de quê? Não existe referencial do lado de dentro; os postes da rua desapareceram. Ah! Não há rua! Apenas o fio de Ariadne, o fio da intuição me conduz a um ponto nos limites da matéria; apenas se insinuam em mim certos lampejos que eu não sei como utilizar e me aquieto. Como se estivesse num balão gigantesco em que se tornasse minha consciência. Quanto mais deixo de pensar, mais me afogo e quanto mais me afogo, mais me sinto no outro, sem sair de mim mesmo.

Estaria eu louco! Um homem tem direito de ficar louco!

Minhas recomendações aos que encontraram minha sanidade.

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