... E levou o filhinho a um concerto; queria motivá-lo a aprender piano; sala cheia; os dois sentados; ela foi conversar com conhecidos; sozinho, o menininho saiu pelo outro lado, entrou num corredor, uma cortina: “não entre”; entrou; lá estava o grande piano; soou o sinal para o início do concerto; de volta, onde estava o menino! Em desespero, ela viu abrir-se a cortina e o filhinho lá batendo nas teclas.
Entrou o grande pianista, viu o menininho: – não pare, não pare.
E improvisava arpejos sobre as notas inocentes. O povo delirou e o concerto ultrapassou os limites da arte, numa efusão de emoções.
Temos aqui alguns aspectos da arte:
a – pintura: um piano, um homem debruçado sobre uma criança; ambos com os braços
apoiados sobre o teclado: o palco é a moldura do quadro;
b – catarse: a primeira reação do público foi conflituosa: tirar criança dali; ela tornaria dispersivo o ambiente do concerto; o artista surpreendeu a todos com seu talentoindiscutível; o público delirou e se sentiu aliviado.
C – o menininho é a representação do inconsciente buliçoso; seus impulsos são Incoerentes como aquelas notas; o artista debruçou-se ao contato com o inconsciente
e organizou, por seu talento, uma tessitura que transcendeu as notas do menino, num
ambiente de luminosidade e emoção.
Mensagem:
Quando nos afastamos dos valores de nossa intimidade; eles buscam expressão em outra parte de onde possamos contempá-los brilhantes e luminosos, porém distanciados de nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário