Do alto de seus vinte anos, a filha reclamava de tudo; estava cansada de tanto enfado; o pai com ela na cozinha:
- ponha a cenoura, o ovo e o pó de café um em cada panela; a mesma quantidade de água, a mesma intensidade de fogo.
Ao fim da operação, a cenoura dura, saiu desfibrada, mole; o ovo mole por dentro, endureceu; o pó de café exalou um cheiro agradável.
Cada um passou pelas mesmas provações e cada um se manifestou diferentemente. Em qual temperamento você quer se enquadrar?
Você é como a cenoura? Ante a provação, abdica de si mesma, amolece, compreende, perde a mania de se imaginar vítima do mundo?
Você é como o ovo, fechado em si mesmo? As provações o tornam duro, intransigente, amargo? Outras virão até quebrar a casca e você ser exposto ao sol...
Você é como o pó de café que, na provação, perfumou o ambiente? Perfumamos o ambiente por um gesto de renúncia, uma palavra de esperança que o outro espera de nós.
O pó de café já tinha passado pela provação do pilão; na prova do pilão, ele não reagiu, não reclamou, por isso se tornou também bebida...
As provações nos depuram na proporção em que nós compreendemos a função delas; na medida em que buscamos por elas um sentido maior que elas nos apontam.
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