quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Imagem (Em 16/04/2006)

Imagem

Uma imagem por e-mail: à hora de dormir, um menino ajoelhado,as mãos postas, os cotovelos apoiados sobre a borda da cama, olhos fechados em meditação; a seu lado, um cachorro, pele luzidia, as patas dianteiras juntinhas sobre a borda da cama, unhas salientes, pescoço ligeiramente esticado, olhos fechados, lembrando um místico em profunda meditação e criando uma atmosfera de intensa sensibilidade ante aquele quadro de tantos significados.

Como analisar a sintonia daquelas duas criaturas? Em que planos estavam? Oposição conciliada na concentração!

Planos mentais diferentes, ambos se ligam pelo fio da vida, e a mente nos traz de outra dimensão o que disse Cristo: hoje estarás comigo no paraíso; os dois passando pela mesma experiência, mas em planos diferentes. Ali estava uma criança e seu cão, representação viva e silenciosa do diálogo da cruz; pela concentração de ambos na direção da inocência.

Os olhos do cachorro estão densamente unidos, as orelhas caídas, sugerindo um estado de abandono, de quem percorre os meandros da própria interioridade, á busca de sua luz. Não é próprio da raça descer assim, mas e se um cão desce, não poderá adquirir um mínimo de consciência? Existem exemplos de cachorros que parecem portadores de traumas trazidos da primeira idade; resgatados de entre os recolhidos pela prefeitura, eles parece disporem de uma memória inconsciente que os faz tremer quando se deparam com aspectos de vivência com aqueles momentos sofridos. Se esse “psicossomatismo” existe, como posso descartar um mínimo de consciência naquele cachorro tão compenetrado? De qualquer modo, é certo que menino e cachorro estavam conciliados num silêncio que ultrapassa nossas cogitações.

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