terça-feira, 15 de setembro de 2009

Experiência do jardineiro (Em 17/02/2006)

- Admiro seu hábito de plantar árvores; não entendo por que não costuma molhar o que plantou.

- Sabe moço, se eu molho, as raízes sobem e esperam a água de cima; mas elas precisam descer para alcançar a água no fundo; sem isso, elas não resistirão ao primeiro pé-de-vento.

Esse jardineiro é um filósofo; sua resposta é extensiva a todos nós.

Quando se trata de edificar o ser humano, há de se cuidar que as raízes desçam; cada um tem de acionar a própria vontade, mover-se pela fé em si mesmo, pela vivência pessoal para adquirir resistência aos temporais; as raízes de cada um têm de alcançar o mais fundo, até a fonte, para se alimentarem nos mananciais sagrados;

A alma é o mestre interior; o mestre interior deve ser alcançado pelas raízes da árvore que eu plantei; é deixá-las que desçam; eu rego minhas raízes quando eu não me vejo como vítima, quando aprendo a abdicar do que me é supérfluo; toda vez que eu perdôo com o coração, as raízes descem mais um pouco.

Se a tarefa é a de conduzir a mente a coração, é só isso que eu devo fazer, no silêncio de mim mesmo; para um contato com o coração, podemos vivenciá-lo por desenho, estudar suas partes por dentro, estabelecer a diferença entre a mecânica e a mística do coração. Isso é fincar as raízes na própria interioridade para que possamos descer à fonte de água viva e resistir aos temporais.

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