Nem todos os que alcançam a própria interioridade realizam-se interiormente.
Tudo depende da intenção que motivou a descida.
A arte é resultado de uma descida, mas é sabido que muitos dos grandes artistas não alcançaram a paz a que tanto aspiravam.
Quando a mente se esvazia e desce ao coração, é feita a limpeza de velhos traumas; no entanto, o artista não faz essa limpeza porque desce ao coração com um objetivo: encontrar um fluxo para sua arte; a intenção é de quem procura; não é de se esvaziar.
Assim, seus agentes psicossomáticos não são libertados e se agitam ainda mais porque sentiram aproximar-se uma libertação que não se verificou.
Não sei se me expresso bem, quero dizer que, ao longo de nossa vida, nós acumulamos traumas oriundos do mundo do movimento: frustrações, revezes, ódios e outros; eles levam o movimento para nosso lugar de repouso no coração; aí eles agitam o ambiente e se manifestam sobretudo pelos conflitos, os sonhos, as reações intempestivas, as doenças e outros; quando a mente se esvazia e desce ao coração, eles são liberados; como o artista desce objetivando sua arte, a mente dele não está vazia e os traumas não ganham liberdade.
Fica evidente a eficácia da descida ao coração: ou ela serve ao artista com fluxos transcendentes de inspiração, ou se serve àqueles que desejam encontrar a paz interior.
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