sábado, 19 de setembro de 2009

Sabedoria (Em 24/03/2006)

A Sabedoria resulta da atuação simultânea com a Consciência e a Inteligência, a partir de nossa interioridade; inteligência e consciência são opostos que se conciliam dentro de nós; inteligência e consciência conciliadas, dão origem à luz; por isso se afirma que sábio é o que “sabe para sua alma”; saber para a alma é exprimir-se por iluminação.

Saber para a alma é aquele saber que abrange as duas dimensões de fora e dentro do ser humano; saber para a alma é um saber solidário, não sonega.

Modernamente parece-me que quem alcançou as duas dimensões da sabedoria foi Bérgson. A base de seu pensamento é a “durée”, a duração, um rio que corre “sem margem e sem fundo” na interioridade humana.

Sabedoria é isso: entender que quem dá sentido ao universo é o homem; o homem é a síntese do universo, portanto todo saber humano tem de se realizar como extensão do homem.

O universo é composto de movimento inteligente e de consciência no vazio; também o homem encerra em si essas duas dimensões; mas o homem vai além porque sabe e o saber do homem “o universo o ignora” no dizer de Pascal.

A sabedoria não é estrada de mão única; o monge pratica longos exercícios de interiorização, mas se aplica a qualquer atividade na manutenção do convento; isso é mão dupla pelas vias do saber; o cientista, paralelamente com o estudo de sua ciência, precisa descer à própria interioridade, esforçando-se por intuir sobre a relação que essas duas dimensões estabelecem entre si. Assim se alcança a sabedoria.

São Tomás de Aquino se utiliza da metáfora das mãos para representar a natureza dupla da sabedoria: na mão direita, a sabedoria tem a “vida longa e a saúde”; “a glória e imensas riquezas” estão em sua mão esquerda.

Essa sabedoria que já era “desde o princípio dos tempos” é o composto de consciência e inteligência; ambas sustentam o universo, por isso ele se mantém equilibrado; o homem resolveu inovar e separou as dimensões da sabedoria; o resultado foi enveredar-se pela ciência, ao tempo em que mais perde a consciência.

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