Minha amada, minha querida,
Interrompo nossa conversa para falar-lhe do Pan; não o Pan esporte, de que a imprensa tanto se ocupou durante o evento, mas o Pan arregimentação de povo.
Há quanto o país precisava de algo que lhe fizesse acelerar o sentimento nacional! Há quanto tempo é só desídia que mina nossa identidade e nos torna obesos ante tanto comodismo!
O Pan trouxe-nos o sentido de unidade, em torno dos mesmos ideais. Foi um tempo de sonhos desfeitos uns, realizados outros e, em tudo, estivemos juntos, estávamos como convidados para o banquete, enquanto nossos atletas nos serviam com efusões ou lágrimas.
Pena que o Pan durou pouco e já temos de carregar sobre os ombros as CPIs que saem de nenhuma intenção para intenção nenhuma; quedas de aviões, o silêncio dos espertalhões e as dores nos corações.
Tomaremos sobre os ombros essa caixa preta onde estão os registros dos últimos momentos deste país, dominado pelo: calculismo, a simulação, o nihilismo porque “nunca na história deste país” tão poucos deixaram de fazer por tantos e nunca tantos foram tão coniventes com tão poucos.
Pensando nessas coisas, sinto já saudades do Pan e fico sem visão de quando virá outro acontecimento nos arregimentar, já que as forças de que nos devíamos orgulhar, fenecem, omitem-se escondem-se escapam e vão povoar outras mentes, ali adiante, onde plantam a esperteza e colhem o engodo.
“Por quanto tempo ó Catilina, abusarás de nossa paciência? Por quanto tempo há de zombar de nós essa tua loucura? “
Como é Cícero! És de nossos dias! Nasceste entre nós!
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