segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Verdade II (Em 31/03/2007)

Um aspecto não menos interessante é que a verdade não se manifesta sozinha; ela precisa de algo concreto com que fazer oposição; ela permanece como sustentação de qualquer fato: histórico, lendário, mitológico e outro. Diríamos que ela faz lastro para que um acontecimento ganhe durabilidade no tempo. Nessa condição de lastro de um fato os advogados se apóiam para defenderem seus causídicos, cada um analisando o mesmo fato sob prisma diferente e é tão verdade o que dizem e em que se apóiam que leva os jurados a decidirem e o juiz a deliberar.

Há muitas mensagens na Internet, imbuídas de uma verdade que encontra sintonia em nós; a verdade do escritor desperta a verdade no leitor.

No avião o garotinho folheava revistas; súbito uma pene; correrias, salva-vidas, pavor; o garotinho entretido com as revistas; a senhora do lado lhe perguntou apavorada:

- você não tem medo dessa situação!

Ao que ele respondeu:

- não. Meu pai é o piloto.

Havia, no garoto, fé, confiança, certeza.

O pai era o aviador; o pai não erra; o pai é perfeito.

Resta saber se temos a mesma relação com o Pai, a ponto de nos despreendermos da própria vida ante um perigo dessa dimensão.

A verdade não está no fato em si; a verdade está em nós; a verdade está nos dispositivos internos de que dispomos para nos defrontarmos com o fato. A verdade está no perfeito ajustamento do que eu me proponho fazer e o cumprimento dessa proposta: se eu me proponho arrumar a cama ao levantar e, por negligência deixo de o fazer, isso é contrário a minha verdade.

Toda negligência é contrária à verdade pessoal; por isso Cristo diz: “faze depressa o que tens de fazer”! Nós pensamos que ele está falando com o Judas; mas ele está nos advertindo que também nós traímos a verdade quando negligenciamos nossos compromissos.

Nenhum comentário: