sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Os Escolhidos (Em 10/08/2007)

Corre pelas asas da Internet, sem autoria, a história de um moço em sala do colegial, a calça molhada, assento molhado, uma poça no chão, a vergonha e a gozação de que seria objeto, quando os colegas percebessem o acontecido. Fez uma oração a Deus que o ajudasse naquele momento difícil; o professor em sua direção; nisso, uma colega entra na sala com um vaso, tropeça e derrama a água sobre as pernas do moço; foi posta fora de sala.

Saído de um vexame de que seria objeto, ele passou a ser motivo da atenção solidária de todos.

Você observou o lance? A história é simples, mas perceba a opção de Deus por uma mulher; sempre a mulher metida nesses enroscos de salvar o homem, sempre ela... Onde está esse poder? Como sabe ela a hora de agir para nos livrar de situações assim?

Acredito que pessoas escolhidas, quando alcançam um certo estágio espiritual, passam por situações assim, para despertarem de algo que ainda permanece na escuridão do inconsciente.

Tenho a impressão de que é providência da alma; ela manda que o anjo da guarda prepare essas formas de despertar, quando percebe que o escolhido está afrouxando as rédeas; dependendo do grau de desenvolvimento que ele já alcançou, a alma nos mantém com rédeas curtas para que não saiamos da trilha do que nos foi dado alcançar.

A essa qualidade de gente é que o poeta Camilo Pessanha chama de “o gado marcado”; um proprietário nos marca com seu selo; vivemos sob suas leis e não adianta querer mudar. Acho que já citei aqui os versos de Camões:

“Os bons vi sem passar

No mundo graves tormentos;

E pêra mais me espantar,

Os maus vi sempre nadar

Em mar de contentamentos.

Cuidando alcançar assim

O bem tão mal ordenado,

Fui mau, mas fui castigado,

Assim que só para mim

Anda o mundo concertado”.

O moço da incontinência, porque não quis ser mau, foi salvo pelas asas de um desses anjos; eles transformam seus instrumentos em vítimas para que não apareçam: a moça foi posta pra fora; e temos de ler, nesses pequenos paradoxos, a ação de uma entidade saturando de luz esses ambientes; daí Cristo dizer que “quem tem olhos para ver, que veja”.

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