quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Classicos 2/3 (Em 11/05/2007)

Na comparação Platão – Aristóteles, talvez o único ponto em que Aristóteles leva vantagem, relacionada com a construção do homem, e no fato de sustentar que a realidade do homem está no corpo; mas ele se restringe ao corpo, ao concreto; assim não avança; fica preso à matéria do corpo; de fato, temos de começar do concreto, porém na direção do abstrato; de fora para dentro; do corpo para a alma, da mente para a Consciência.

Platão desenvolve sua obra a nível de consciência; Aristóteles se mantém no nível da mente, com apenas os atributos de: memória, razão e inteligência.

As telas de Rafael querem exatamente enfocar esse aspecto de oposição entre o pensamento dos dois eminentes filósofos. Alguém poderia aventurar-se em afirmar que, quem sabe, Rafael tencionou conciliá-los na serenidade de sua obra; é possível.

Da análise dessas telas foi possível observarem-se dois aspectos não menos intencionais: uma preocupação com os olhos, não sei se é do tempo de Rafael o dito segundo o qual “os olhos são a janela da alma”; nisso os olhos seriam uma referência sutil a Platão que tanto estudou e desenvolveu o tema da alma; por outro lado, as linhas retas e simétricas estariam na linha da geometria, do raciocínio, apropriado a Aristóteles

Há, em Rafael, ainda dois tipos de fundo: ora um céu azul ora o escuro; é possível ver, nesse jogo Platão trabalhando sua obra no nível de planos superiores da metafísica, enquanto Aristóteles permanece nessa se fazer perguntas sobre a existência do homem, do cosmos.

É bem provável que Alice do País das Maravilhas tenha se baseado em Aristóteles: “moço, por favor o que eu faço para sair daqui”?

O mal é que tantos séculos se passaram e nós continuamos fazendo perguntas, presos apenas ao fato concreto.

Ainda não alcançamos Platão; ele está nos esperando ali adiante e Rafael quer registrar em tela esse encontro.

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