Aqui tudo se faz por sintonia, já que não existe o pensamento. Os que trazem o pensamento, não estão em condições de ficar aqui; precisam voltar: faltou-lhes o enxoval para habitar estas paragens.
Você decerto se lembra que o pensamento se realiza apenas no mundo do movimento; já lhe disse que, do lado de cá, tudo é repouso, sem pensamento e tudo se realiza na interioridade de cada um, conforme seu grau de desenvolvimento.
Uma questão há de lhe surgir: se onde estou não há pensamento, como posso pensar para lhe escrever? Eu assumi o pensamento para dar testemunho da importância que seu trabalho aí. O objetivo foi de confirmar a importância do trabalho que você vem realizando aí e que aplicou em mim; quero lhe manifestar o quanto ele tem repercutido neste plano de cá, pelas confirmações que tenho verificado em mim mesmo das coisas de que falávamos.
Imaginemos que por aqui passassem pessoas desorientadas; nós assumiríamos o pensamento para ajudá-las, para esclarecê-las.
Saiba que aqui só aplicamos o que trazemos daí, plantado em nossa interioridade.
Na falta de gravidade, não se pende para a direita, nem para a esquerda, senão para o centro de nós mesmos. O centro neste ambiente está em cada um.
Somente quando cheguei aqui pude experimentar que a vida interior é falta de gravidade; não se têm pendores para qualquer direção, senão para dentro de si mesmo.
Aqui muitos cantam e seus cantos são ouvidos dentro de nossa mente; se não quisermos ouvir, é só desligar-mos e nos colocarmos em uma espécie de mar da serenidade. O alimento aqui é a meditação; o objetivo é a luz que sentimos como meta em nossa consciência.
Você me dirá: - mas se vocês têm consciência, têm alma e você disse anteriormente que a alma não nos acompanha; verdade. Assim foi, mas é preciso lembrar que a alma a que eu me referia era emissora de partículas como se fossem partículas quânticas; digamos assim que a alma daí ainda é uma alma que se estabelece no princípio; aqui, num grau já saído do mundo da matéria, a alma ganha dimensões de insinuadora dentro de nós e nos orientamos por ela.
Sinto-me progredindo, minha querida, progredir aqui é avançar por milímetro e andei fazendo certo exercício de isolamento que me parece somou alguma coisa de que não tenho consciência, mas cujo resultado eu percebo. Chego a imaginar que um plano superior, dentro de mim, determinou-me certo estágio e já me sinto separado dos demais. Nosso mestre é essa consciência, ou essa alma que nos fala do mais íntimo para o íntimo.
Se não lhe escrever mais, fique em você a certeza de que estou feliz pelo quanto me orientou; você foi decisiva na visão com que embelezou meus dias.
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