segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Auto Ajuda II (Em 23/03/2007)

Mas isso é irreversível: como tudo só se realiza pela equilibração dos opostos, sobretudo num mundo globalizado, nem o ocidente pode ficar com sua indústria secular, nem o oriente pode manter-se em seu repouso milenar.

Os costumes terão de se fundir e os livros de auto-ajuda vêm preparar essa fusão; eles vêm preparar a instalação dos costumes orientais entre nós, e não se pode negar que já estão ganhando corpo. Do mesmo modo que os orientais receberam inclusive a fórmula I que é o máximo de movimento, barulho, ausência de repouso.

Parece até que eles foram mais maleáveis do que nós, porque crescem a olho nu; nós não conseguimos sair do ranço, das olheiras que obliteram nossa visão.

Dizer que os livros de auto-ajuda não são recomendáveis é se colocar a serviço do capital (que expressão feia!); defender os interesses dos ricos que se tornam mais ricos à custa de nossa desinformação.

Já vivemos coisa parecida assim: lá pelos idos de meio século atrás, sobre o que se dizia da moça telefonista, da secretária; o ideal era ser professora. Talvez por ter se apoiado tanto em idéias de ocasião, o magistério esteja vivendo situações de risco e constrangimento.

O mercado está cheio de livros sobre educação; que educação nós construímos?

Todo pai, toda mãe deveria ter de cabeceira, um livro de auto-ajuda com que aprender a ajudar-se e ajudar a criança ensinando-lhe pelo menos uma técnica qualquer de interiorização. A falta de interiorização cria a insensibilidade; daí para a violência é uma questão de meio, de ambiente. A interiorização não é monopólio desta ou daquela cultura; a interiorização é condição do ser humano. Os livros de auto-ajuda trazem normas de alcançarmos, com mais objetividade, aquilo que grita dentro de nós. Se continuarmos a rejeitar os livros de auto-ajuda, estaremos acomodados no colonialismo do pensamento, sem nada fazermos pela própria liberdade de pensar. É importante que se reflita sobre a possibilidade de os livros de auto-ajuda conterem a parte que nos falta.

Nenhum comentário: