Numa cidadezinha do interior, a Ana olhava umas peças de artesanato; segredei-lhe que comprasse alguma coisa para ajudar. O artesão percebeu:
- muito obrigado pela compreensão; o senhor não sabe o quanto é difícil viver disso.
Conversamos sobre arte por instantes e me despedi.
Mal sabia ele que eu também sou artesão; ofereço idéias por preço nenhum e poucos, muito poucos são os que se interessam por meus produtos. Creio que me faltam as habilidades daquele homem.
Agora encontrei um forte aliado no Rodrigo, lá em Manaus; ele tem difundido o blog e o número de consulentes subiu bem. Obrigado Rodrigo.
O Carlos Drummond de Andrade já dizia que “lutar com palavras é a coisa mais vã,” sobretudo quando essa palavra é dotada de um conteúdo que a poucos interessa: não ensina a vender, não promete lucro nem faz benzedura. Aí fica difícil. E então percebo que ser artesão de bijuteria não é tão difícil quanto difundir idéias, sobretudo relacionadas com a interioridade humana.
Que vocação é esta que nos leva por esses corredores escuros! É trilhar em falso e aí aparecerão os críticos, munidos de idéias pré-fabricadas e nos exporão sob seu crivo, apesar de que esse negócio de interioridade humana é um assunto que interessa a poucos.
Talvez meu grande defeito é que eu vivo de fábulas e as fábulas são mentiras adocicadas. Sabe daquela? Deram um quebra-cabeça a uma criança que consistia em armar o mapa do mundo; sem entender de geografia, de imediato a criança devolveu o problema resolvido; quando lhe perguntaram como conseguira com tanta rapidez, ela respondeu:
- do outro lado, havia o retrato de um homem; eu juntei os pedaços do homem e o mundo
ficou certo.
Percebo a minha pretensão: quero juntar os pedaços do homem e não consigo sequer juntar os meus pedaços; isso porque me falta a simplicidade daquele homem da praça; a da criança, nem se fala!
Você sabe que, na criança, ainda habitam juntas mente e consciência; é por isso que ela tem insights: perguntas agudas e respostas desconcertantes?
Você percebeu como é o processo de escrever? Como se faz uma crônica? Uma idéia puxa a outra e a outra, outra mais e vai se formando o texto. Como estou no final do texto, é bom retomar à idéia com que comecei e a coisa fica assim:
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