quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"Profetas" 2/3 (Em 20/04/2007)

O livro do Apocalipse está eivado de uma linguagem sobre terror, fim do mundo, incêndios, vinganças, cavaleiros conduzindo mistérios e faz referência à “grande prostituta”. Já por essa linguagem se percebe que o autor se colocou num mundo de movimento, portanto não era um iluminado; um iluminado fala de luz e repouso; sua linguagem vem de dentro para fora; no Apocalipse, encontramos assuntos que se verificam sempre do lado de fora, no mundo; não há referência à interiorização; no Apocalipse nem Cristo é interiorizado.

Sem nada entender de repouso, o autor se dá a imaginar ações inclusive dentro do plano do repouso: Cristo praticando ações concretas no mundo do repouso. Sob este aspecto, o livro é imaginativo, interessante; todavia daí até aceitarmos essas coisas como acontecimentos futuros e irreversíveis, vai uma distância muito grande.

Cristo está em repouso dentro do ser humano; sair uma segunda vez do repouso para nos defender seria indiretamente reconhecer que sua primeira vinda não teve o efeito esperado. Isso não é verdade porque todos os seus esclarecimentos estão aí, à disposição de quem quiser se aprofundar no assunto. O que acontece é que ficamos imaginando ações sempre pelo lado de fora de nós e não alcançamos o verdadeiro sentido que as palavras de Cristo querem nos transmitir.

O livro do Apocalipse foi escrito por um exilado; assim como Napoleão Bonaparte, exilado na ilha de Santa Elena, esse João foi exilado na ilha de Patmos. Lá João teve talvez, visões, alucinações ou coisa assim, referentes a seu estado pessoal: desejoso de vingança contra a “grande prostituta” Roma, cujo poder somente Cristo poderia superar.

O livro faz referência também ao número 666, como um sinal da besta; alguns quiseram mostrar como é atual esse número e no-lo indicaram como marca do capitalismo; o capitalismo seria a besta que adotou as siglas, quase todas com três letras: CIP – CPF – FBI – ONU e vai por aí; mas essa idéia de capitalismo está cedendo seu lugar para a globalização; é a mudança. O Apocalipse imaginou um mundo de mudanças pelas vias do movimento; mas nosso destino é o repouso.

Quem tiver ouvidos para ouvir que ouça

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