“A dor que minh’alma sente
Não-na sabe toda gente.
Que estranho caso de amor!
Que desejado tormento!
Que chego a ser avarento
Das dores de minha dor.”
Camões apenas constata a presença da dor e se apraz com ela; a ponto de desejá-la porque sabe que, quanto mais dor, mais se purifica; daí essa idéia de ser “avarento” da própria dor.
Observemos que ele atribui dor à alma; era próprio dos clássicos, de influência grega
que a alma participa de nossos revezes; hoje sabemos que não é bem assim. A alma nada tem a ver com nossa dimensão de fora.
Corretíssimo o método porque, enquanto você desce com a mente ao lugar da dor, para descrevê-la, você está inserindo ali a energia da contemplação; essa energia de contemplação vem da alma; você está inserindo energia da alma no lugar da dor; a energia da alma é do repouso e estabelece equilíbrio com a energia do movimento que está provocando a dor; a dor tem de passar.
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