quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Dor 2/2 (Em 25/05/2007)

“A dor que minh’alma sente

Não-na sabe toda gente.

Que estranho caso de amor!

Que desejado tormento!

Que chego a ser avarento

Das dores de minha dor.”

Camões apenas constata a presença da dor e se apraz com ela; a ponto de desejá-la porque sabe que, quanto mais dor, mais se purifica; daí essa idéia de ser “avarento” da própria dor.

Observemos que ele atribui dor à alma; era próprio dos clássicos, de influência grega

que a alma participa de nossos revezes; hoje sabemos que não é bem assim. A alma nada tem a ver com nossa dimensão de fora.

Em o Corpo Onírico, Arnold Mindel nos apresenta uma prática de como encarar a dor: descrevê-la com pormenores.

Corretíssimo o método porque, enquanto você desce com a mente ao lugar da dor, para descrevê-la, você está inserindo ali a energia da contemplação; essa energia de contemplação vem da alma; você está inserindo energia da alma no lugar da dor; a energia da alma é do repouso e estabelece equilíbrio com a energia do movimento que está provocando a dor; a dor tem de passar.

No mesmo livro, o autor nos aconselha a termos uma conversa com o causador da dor. Beleza! O processo é o mesmo: injeção de energia do repouso no lugar que está em movimento.

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