sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Atritos – 2/6 ( Em 24/02/2009 )

Todo atrito cria uma oportunidade para dominarmos nossas forças instintivas. Elas estão adormecidas, mas sob um estímulo por agressão verbal ou física, despertam e, despertas, temos a oportunidade de neutralizá-las pelo não revidar. 
Se dermos evasão a elas, o resultado será uma úlcera; asma ou coisa assim por expansão de energia que alimenta o rancor, o orgulho ferido.
Por um outro aspecto, não sabermos dar ao atrito o valor que ele encerra e nos  concentramos em nós mesmos com ares de vítimas, alimentando o ego ferido pela verdade que alguém nos disse.
O atrito serve para lapidar; para polir. Fica-se com o polimento e o resto se descarta que não nos serve
O que se observa é que as pessoas ficam com o que deveriam descartar e descartam o polimento. No mínimo, não sabemos perdoar e nos tornamos vítimas de nosso rancor.
É comum que se relacione o perdão à religião; nada disso: o perdão se enquadra na lei de causa e efeito; toda energia que eu emitir face a uma afronta voltará para mim; desse valor diz-se que é castigo; castigo ou não, o fato é que a lei de causa e efeito é implacável e só pode ser neutralizada se a mente se refugiar no coração; lá o movimento não alcança.
Já mencionei nessas páginas aqueles três macaquinhos da mitologia: um com os ouvidos tapados, outro com os olhos vendados e o terceiro com a boca vedada. Temos de aprender com a mitologia e pô-la em prática quando a situação surge do inesperado.
Se as vozes de fora nos exaltam tanto, o que dizer das vozes de dentro que nos cegam de tanto excitar nosso ego ferido?
Os marinheiros portugueses adotavam um refrão: “navegar é preciso; viver não é preciso”. Podemos parafrasear o dito: lapidar é preciso; revidar não é preciso.
            Entender o atrito como uma oportunidade para dar polimento a nossa escultura interna com os traços de paciência e a dignidade de quem sabe relevar.

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