Para eu entender de liberdade, eu preciso estar dentro da liberdade; entrar nela. Não é livre quem está envolvido com o afã dos negócios, as vantagens e discursos. Está com a mente cheia desses chamados e nada se aplica em si mesmo.
A liberdade é como a planta: precisa ser regada e adubada: o adubo para a liberdade é o recolhimento. Recolher-se, mesmo que o mundo de fora esteja em agitação. Podemos ser livres no ônibus lotado, apertado, ensardinhado, se estivermos em recolhimento dentro de nós mesmos.
Entender de liberdade é freqüentar as duas de dimensões de nosso ser. É preciso diferenciar: a palavra “liberdade” é mais aplicada ao regime político, social; a liberdade é mais apropriada ao âmbito coletivo, exterior. Se queremos nos referir à liberdade pessoal, é melhor chamá-la de libertação; a libertação resulta do esforço de cada um em promover sua liberdade.
A liberdade portanto se verifica pelo lado de fora, enquanto a libertação é manifestação de dentro e a verdadeira liberdade acontece quando somos livres por fora e por dentro. O aforismo diz assim: por fora bela viola; por dentro, pão bolorento. Não é só termos a liberdade social se não sabemos estendê-la ao nosso interno. O pão está lá, mas não se consegue comer, alimentar-se dele; é puro bolor.
Entender de liberdade é vivê-la nas duas dimensões de nosso ser. Quem vive a liberdade nas duas dimensões de seu ser não deriva sua liberdade para a libertinagem: eu faço o que quero. Nós vivemos num condomínio que tem seu regulamento; para sermos livres é preciso que observemos suas normas.
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