Um índio autêntico tem a visão de uma criança; está bem próximo da consciência; é muito mais consciente do que mental; vive no silêncio da natureza, em comunhão com ela e contempla o céu: vê, no céu, no firmamento o princípio de sua fé; não importa a roupagem com que ele vista suas crenças e como as manifesta; importa que ele contempla o céu, sente o existir de uma força maior e traduz sua sensibilidade em rituais conforme sua influência sobre o grupo.
A maneira como seus rituais são cultivados pode variar em muitas derivações; isso é o externo; exprime a visão de cada um, no poder de adaptar o que viu, o que sentiu às tradições e ao culto de seu povo.
Interessa-nos aqui esse poder de sintonia; essa cosmovisão com que ele associa sensibilidade e atuação. Contempla os astros e estabelece afinidade entre o que contempla e o que sente; contempla o firmamento e o silêncio de lá aciona o silêncio de cá e a afinidade se apura; contempla o cosmos e aquela visão repercute em seu interior, como sinais de uma empatia e começa a encontrar, no próprio interior, repercussões, ligações de estrelas e passa a identificar algumas delas pelos sentires de seu corpo; de tal modo que, quando olha para uma delas, sente a vibração no próprio corpo, como estimulo distante à própria vida. Disso, podemos nos valer também: não é necessário que sejamos versados nessa ou naquela ciência; não é necessário que tenhamos essas ou aquelas letras: para entrar em contato com as entidades celestes, basta que tenhamos o coração vazio, porque, pelo vazio do coração é que a Consciência revela seu alfabeto escrito no universo e que só os simples conseguem entender e adquirir essa visão do cosmo como extensão dele mesmo. Peça escrita durante o mês de Junho de 2009
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