Nós não costumamos fazer uma reflexão sobre o que o espelho nos revela. O ato de o espelho refletir minha imagem coloca-me no outro lado de mim mesmo; eu me vejo frente a frente com minha realidade refletida. E como é minha realidade refletia? Será que é como a do Narciso da mitologia? Ou eu me atenho aos sulcos profundos que cavei em meu rosto? Naquelas valas, quantos de mim estão encerrados esperando despertar para me acusar ou me defender!
O espelho não me diz, apenas revela em silêncio não acusa, mas mostra. Grande mestre é o espelho! Apenas aponta; corrigir é comigo. Assim é em tudo: eu sempre procurei alguém que me apontasse. Certa vez encontrei um:
- vá fazer uma faculdade depois venha discutir.
Fui. Fiz. Quando voltei para discutir, o assunto já tinha perdido a atualidade; verifiquei que discutíamos sobre coisas passageiras, que o vento leva.
O defeito realmente está em mim porque se eu quiser me olhar no escuro, não me vejo; não que o espelho se negue; ele está lá; eu é que sou carente de luz, sem consciência de que outra luz pode ser feita em mim mesmo, capaz de superar o escuro. Quando ela se estabelecer, eu não preciso mais do espelho; passo a me ver pela lente de minha alma; ali todas as rugas desistiram de ser; o espelho fez sua tarefa
Nossa imagem interior cria direcionamento a nossos atos; lá dentro também existe espelho e existe luz; quando alcançarmos mirar-nos naquele espelho, nossa imagem será vista sem rugas; a perfeição que alcançamos retoca tudo para o encontro com nosso eu superior. Nosso sorriso será refletido no espelho da alma.
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