quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Exemplificando com um texto da Ilza – 3/6 ( Em 05/05/2009 )

             A respeito do que escrevi sobre a Mãe, a Ilza, em quem encontro sempre apoio crítico indiscutível, escreveu o comentário que transcrevo abaixo. Valendo-me apenas da Fonética,  aponto alguns traços na linguagem dela que fornecem material para uma crítica.
            Convém lembrar que esses traços fonéticos, essas linhas melódicas vêm do inconsciente e, a partir do que ela afirma, seria possível fazer uma análise da intenção, da personalidade de minha querida Ilza.

“Lindo, lindo! Antes de ser mãe, se me pedissem que fizesse uma pintura sobre o tema eu desenharia uma mulher em uma estrada, caminhando lado a lado com seus filhos. Agora que sou mãe, percebo que desenharia uma mulher caminhando pela mesma estrada, parte do caminho seguiria à frente ensinando-os a desviar dos obstáculos, mas a maior parte seguiria atrás, vendo os filhos correrem cada vez mais distante até os perder de vista seguindo seus próprios caminhos e se houvesse espaço em minha tela, bem distante, atrás de mim estaria minha mãe, da mesma forma tentando me guiar e me acompanhar. Até bem pouco tempo meus filhos estavam ao alcance de meus braços, hoje, estão ao alcance de minhas orações. Beijos.”
Percebemos inicialmente que a Ilza foi provocada e reagiu por esses dois: “Lindo, lindo!”, então irrompeu, de dentro dela, uma reminiscência a que ela se entregou, sob ao impulso de escrever um texto tão rico em imagens. Ela conseguiu transferir para as palavras a tela que tinha em mente; uma verdadeira pintura.
Ao longo de todo o texto, predominam três sons: as vogais: ia e a nasalação.
A vogal i aguda, sugerindo altura, finura; distância, agudez de sensibilidade da autora.
A vogal a medial, no meio como fio de prumo, fio de sustentação, equilíbrio na distribuição das imagens na tela. 
Perceba o triângulo: na base, a vogal i em um extremo; do lado oposto ao i, uma mulher andando; a nasalação sugere que  ela como que desliza no pensamento da autora. A vogal a no meio, medial, com sonoridade abafada; luz fraca, filtrada, derrama-se dentro do triângulo.
Só esse material daria uma bela análise das intenções da Ilza, seu estado de alma, com que elaborou o texto.
Há ainda que considerar o último período, em que predominam as oclusivas: t, b, p, c com som de q. Elas sugerem conflito que a mãe sente ao perceber que os filhos lhe escapam pelas vias do destino.
A autora pensou nessas coisas? Não; elas vêm do inconsciente. Daí a propriedade da análise.
Essas considerações se ativeram apenas a apontar aspectos fonéticos, com mínima aplicação. Nada mencionei sobre a fluência da linguagem, a adequação das palavras nem vimos os aspectos semânticos. Aí seria criticar a autora positiva ou negativamente. Aí seria invadir a privacidade de quem eu só tenho que muito agradecer.


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