O abismo não é um intervalo entre dois paredões, visíveis, palpáveis. Não. O abismo está nos limites de atuação da Mente e da Consciência.
A Mente atuando no movimento e a Consciência serena no repouso. O campo de atuação de uma é contrário ao da outra; os campos estão em planos diferentes.
Se compararmos certa moça com uma flor, há entre ambas um abismo em virtude dos campos de atuação; o mais impressionante é que desse abismo entre elas, vai aparecer um terceiro elemento: o perfume, a coloração, o viço, o perfume.
A palavra “abismo” é mencionada no Gênesis, quando se afirma que “as sombras cobriam o abismo e o espírito de Deus pairava sobre as águas” 1,1. Essas sombras são nossa ignorância sobre o abismo, mas ele está no meio: entre o alcance da mente e o alcance da alma.
Em nós, o lugar do abismo foi ocupado pelo inconsciente.
No prosseguimento do texto do Gênesis; lá se afirma que “o espírito de Deus pairava sobre as águas”. O espírito de Deus apenas pairava sobre as águas; não-nas tocava; não alcançava as águas. Todo espírito é limitado pelo alcance da mente; o espírito de Deus é a mente de Deus.
Há uma tela de Michelangelo em que o Criador estica o braço e o dedo indicador, num esforço de alcançar o dedo indicador do homem; os dois não se tocam; estão em planos diferentes. Entre eles está o abismo.
O mesmo abismo em que se sente o salmista quando afirma: “Das profundezas clamo a ti ó Senhor Sl 130,1.
Quem mais se colocou no abismo do que Judas? Pôs-se de intermediário entre o mundo da razão, dos sacerdotes e o mundo da Consciência de Cristo. Para que a mensagem que Cristo trazia entrasse no mundo da razão dos sacerdotes, Judas teve de intermediar o ingresso.
O lugar do abismo em nós é no pescoço, entre a mente e o coração.
A corda no pescoço de Judas quer significar, acordar, despertar. Judas nos mostrou onde está o abismo em nós; por isso levitou; vemo-lo levitando, num plano acima da terra e acima de nós.
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