quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A Canoa - 2/6 ( Em 03/02/2009 )

P – vês aquela canoa?

A – segue contra a correnteza.

P – os remadores na precisão do impulso.

A – e se apenas um lado remar?

P – a canoa perde o rumo, gira em círculo.

A – não avança. É isso? Pensando bem, nós somos essa canoa

P – acho que não! A canoa é de madeira...

A -  eu quis dizer que nós nos movemos sem rumo como a canoa, em círculo. 

P – mas em que nós giramos em círculo?

A – nós temos dois remos: a mente e a Consciência. Está certo?

P – sm. Está certo.

A – se nós remarmos apenas com uma delas, a canoa de nossa vida não avança. É isso?

P – sim. É isso. Mas onde está a água?

A – a água é esse espaço vazio que nos cerca em toda parte. O remador é nossa vontade. 

P – nesse teu rio existem grandes peixes?

A – sim. Mas eles se situam à margem; são marginais.

P – o que pretendes com essa canoa?

A – remar no sentido de meu destino.  

P – escolheste bem os remadores?

A – de um lado, minha vontade; do outro, minha determinação.

P – escolheste bem. Onde foste buscar essa gente?

A – na consciência há provisões para toda atividade. A mente seleciona

P – então os grandes peixes também podem dispor dessas provisões!

A – sim. Mas a mente deles não tem poder de selecionar

P – aonde vais nessa canoa?

A – quanto mais eu me utilizar da mente e a consciência, mais estou seguindo meu destino.

P – teu destino não é um lugar!

A – não. Meu destino é um ponto de perfeição.

P – então a perfeição está em ti!

A – Sim. Está no perfeito ajustamento do impulso dos remos.

P – e se em vez de uma canoa, for uma obra de arte?

A – na obra de arte também devem estar os remadores.

P – Michelangelo, por exemplo?

A – ali você não sente sequer o impulso; a canoa desliza indiferente aos repuxos da correnteza. 

P – e se for uma obra de arte moderna?

A – não é obra de arte; é obra.

P - vês? Eu nada te ensinei

Você percebeu? O Professor induziu o aluno a dar respostas que caberiam a ele Professor? Quis mostrar que o saber do Professor estava no aluno, assim como está em todos nós. Era esse o método de Sócrates; nós não desenvolvemos isso. Quem pena!

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