Há os prisioneiros do saber; vivem cercados por adeptos; são depositários de um saber que não circula; não areja; cria mofo; no final, esse saber será atormentador; será o juiz de seu carcereiro.
Todo saber penetra em nós pela energia do movimento e se aloja na área do repouso dentro de nós.
Se for um saber sobre assuntos externos, negócios, produção, segredo de como produz o melhor vinho, algo assim, ele está sempre sendo exteriorizado pela prática; esse tipo de saber já está sendo liberado.
Se o saber for sobre assuntos de espiritualidade, de interiorização, esse precisa sair. Quanto maior for nosso egoísmo em retê-lo, mais ele se agita dentro de nós e nos agita, que a energia do movimento não pode ficar retida; por isso a maioria dos sábios é temperamental, irascível; isso são apenas sintomas do que virá, quanto mais a velhice se aproxima.
Aquele episódio com Marco Polo ilustra bem a situação: dava ele uma aula sobre a construção da ponte e falava minuciosamente sobre a posição das pedras grandes e pequenas, encaixadas e sobrepostas, os vãos, o alicerce; nisso um aluno perguntou:
- professor, o que sustenta o peso?
- a curvatura do arco.
- então por que o senhor só fala sobre as pedras e não menciona a curvatura do arco?
- sem as pedras, o arco não existe.
Marco Polo foi surpreendido omitindo o saber. Ateve-se apenas às aparências, a parte externa de seu saber e reteve a essência do saber. Esse é um saber que cria muros, mesmo quando fala de pontes.
Criar pontes é permitir que o saber circule e dar liberdade ao saber, que passe de mente para mente, entre os que quiserem se esclarecer. Criar pontes é estender-se, ampliar as próprias dimensões.
Se alguém se desenvolve, adquire uma outra visão de certa realidade e não consegue passar, aplicar o que sabe por cerceamento do grupo a que pertence, o próprio grupo está assumindo aquela omissão, negando-se ao aprendizado e não permitindo que outros espíritos se esclareçam; isso é contrário ao desenvolvimento da mente.
Cristo diz que esse tipo de sonegação não será perdoado aqui nem em outra vida; isto é: o espírito sai daqui com o saber sonegado e terá de voltar pra deixar aqui o que sonegou.
Creio que a maioria dos espíritos retorna à terra por sonegação do saber; nem eles sabem disso e o pior é que, quando encostam esquecem tudo a que vieram.
Isso é lei de causa e efeito. Pela lei de causa e efeito, quanto mais se ensina, mais se aprende porque a energia de ensinar retorna com a força de ampliar a consciência naquilo que se ensinou.
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