Você não entendeu meu conto sobre “O Percurso”! (17/11/08). Entendeu não! Pois é. Eu vou lhe revelar que aquilo é um mergulho no inconsciente; é a travessia do lado de cá para o lado de lá. Um voo cego, em que você não pode contar com absolutamente nada, senão com os valores de bondade que você implantou em si mesmo, ao longo de seus dias.
É apenas uma ilustração de como será a trajetória com muita luz ou com pouca luz.
Há os que se perdem na escuridão e haja séculos que os façam escorregar dali...
Temos a ilusão de que conosco será diferente. Pensamos como aquele escorpião: não podendo atravessar a correnteza, pediu carona à tartaruga.
- Não. Você me picaria no percurso.
- Como! Você não percebe que eu também morreria?
- Está bem. Sobe aí.
No meio da correnteza, veio a picada fatal. Enquanto desciam para o fundo, a tartaruga ainda teve tempo de perguntar:
- Por que fizeste isso? Não sabias que morreríamos?
- É minha natureza; eu não posso mudar minha natureza.
Não será diferente porque, em nosso percurso, já não é mais lugar de mudanças; não podemos mais alterar nossa condição: é prosseguir ou sucumbir. Desistir não dá; será a exclusão. Que coisa chata! Mas é assim.
O Cristo que você espera virá de dentro para fora; nós precisamos ir buscá-lo a cada instante, pelos gestos de bondade, compreensão justiça que praticarmos.
A ressurreição será individual. Aí Cristo será aquela luzinha que se manifestou progressiva no Conto, enquanto o espírito passava da Mente para a Consciência.
Espero não estar fazendo cobranças: eu sou o oposto do escorpião: não peço carona, não afundo ninguém e quero apenas mostrar os lugares de afundamento ao longo do caminho, se não dispusermos de uma couraça de boas ações; somente elas nos garantirão uma travessia iluminada pelo rio das sombras.
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