Todo saber sonegado é muro em torno de mim mesmo; aí eu me sentiria só com meu saber, prisioneiro de meu saber. Que coisa mais fermentadora!
Os prisioneiros do saber são esses que constroem fortalezas, muitos frequentam sala de aula, cercados por admiradores e depositários de um saber que não circula; cria mofo; não areja; no final, esse saber será o algoz, o juiz de seu carcereiro.
Cabe aqui aquela história de Marco Pólo: dava uma aula sobre a construção da ponte e falava minuciosamente sobre a posição das pedras grandes e pequenas, encaixadas e sobrepostas, os vãos, o alicerce; nisso um aluno perguntou:
- professor, o que sustenta o peso?
- a curvatura do arco.
- então por que o senhor só fala sobre as pedras e não faz referência à curvatura do arco?
- porque, sem as pedras, o arco não existe.
Percebeu a simulação? Marco Aurélio falava a seus alunos sobre as aparências, a parte externa de seu saber e retinha a essência do saber. Esse é um saber que cria muros, mesmo quando constrói pontes.
Criar pontes é permitir que o saber circule, que passe de mente para mente, entre os que quiserem se esclarecer. Criar pontes é estender-se, ampliar suas dimensões.
Pela lei de causa e efeito, quanto mais se ensina, mais se aprende porque a energia de ensinar retorna com a força de ampliar a consciência naquilo que se ensinou.
Quanto maior for o número de arcos entre o professor e seus discípulos, mais o saber circula e a ponte será de mão e contramão.
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