quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Aceitar-se – 5/6 ( Em 30/09/3008 )

            Já ouviu dizer que o ser humano é o centro do universo? Se o universo é o macro, o ser humano é micro; na condição de micro, possui todas as propriedades do macro.
Puxa vida, se eu sou um pedacinho desse todo, por que eu hei de querer acrescentar mais propriedades às que eu já tenho, se não estou dando conta das que tenho? E pior: propriedades que me arrastam para fora de minha origem! Eu nego minhas qualidades e concebo que o outro é melhor do que eu! Dá pra entender?
Claro que se não me reconheço como parte do todo, tiro o olhar de mim e passo a ver no outro qualidades que minha mente amplia.
Já ouviu aquele ditado que a galinha do vizinho é mais gorda? Pode até ser, se eu não alimento a minha.
Isso é uma enorme injustiça que eu, sendo dotado dos mesmos atributos, veja em alguém algo que eu não tenha ou que eu não possa desenvolver.  
A natureza não discrimina nem desequilibra; se em mim existem borrões, no outro falta o papel; eu não soube manipular a caneta, o pincel. Não me aceitar porque meus borrões aparecem é deixar-se conduzir pelas aparências, na suposição de que o outro tem o papel que ele não tem.
Como quero viver bem, se vivo olhando para os outros, se me comparo com os outros? Enquanto eu olho para os outros, eu me esqueço de mim mesmo e minha mente se transfere de mim para o outro. Que confusão!
Tudo isso porque eu não olhei para mim; não ponho no papel as qualidades que eu posso encontrar em mim; eu vejo em mim os defeitos e se não os tenho, crio-os para me inferiorizar; isso é injustiça; é injustiça que, em função do que os outros têm e eu não tenho, não me esforce por desenvolver o que tenho e que eles não têm.
Ninguém é perfeito. Só nosso olhar de inveja torna os outros perfeitos. A inveja é um aleijão; quem não se aceita, é invejoso; precisa curar-se primeiro dessa doença; a cura o traz de volta a integrar-se como parte do universo.

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