Bom senso é luta interior por nos situarmos no centro dos acontecimentos. Pelo bom senso, não derivamos para a direita, nem para a esquerda.
Já os latinos usavam a expressão: “virtus in medio”; a virtude está no meio; no meio é o lugar da virtude; do bom senso.
Todo aforismo estimula ao bom senso porque objetiva a criar normas de conduta para a vida humana.
Aqueles três macaquinhos da mitologia: um tem as mãos sobre os ouvidos, outro sobre os olhos; outro sobre a boca; esses deram origem ao aforismo: “ouve, vê e cala”; não é para não ouvir, nem para não ver; é para calar e, no calar-se, está o bom senso; por isso se diz que a palavra é de prata; o silêncio é de ouro. Em tudo normas de bom senso.
Há uma mensagem entre os e-mails em que o autor cria um exemplo do que não é bom senso. Ele desenha cinco bonequinhos em movimento, cada um carregando uma cruz; ali adiante um deles Invoca: - Senhor, esta cruz é muito pesada, será que eu posso cortar uma parte? Corta uma parte da base. Lá adiante, o mesmo invoca outra vez, que a cruz continua pesada; corta mais uma parte da base.
Aparecem os quatro bonequinhos com a base da cruz quase arrastando; ele, o sem bom senso, com a base da cruz apenas pela metade.
Todos chegam a um precipício; os outros deitam cada um sua cruz e atravessam o vão sobre ela; a cruz do resmungão não alcançou o outro lado da ribanceira; teve de voltar e recolher os pedaços cortados para dar prosseguimento a seu destino.
Isso de fato não é bom senso querer ser diferente omitindo-se; porque o bom senso quer o equilíbrio dos opostos; se a base da cruz for menor, não se equilibra no ombro; nem promove a passagem para outro plano. Não dá pra sair deste plano fazendo mutretas.
Temos de nos desvencilharmos sim do que é supérfluo, obsoleto que entope nossos armários e nossa vida; sua conservação indica projeção de coisas velhas que guardamos dentro de nós: o desejo de vingança, o ódio, a ganância, a inveja o egoísmo e tantas outras que esses trapos velhos representam.
Quanto mais vazios formos por dentro, mais queremos nos libertar dessas coisas velhas das quais quantos estão precisando?
Quem lê o Fisher King, o rei pescador, percebe o escudeiro gritando para um moço príncipe: - “jogue fora essas roupas velhas que sua mãe lhe deu”; não está se referindo às roupas, senão aos costumes, aos hábitos de conservar o que já não tem sentido. O mesmo
acontece quando Moisés quer entrar no templo, Deus o adverte: - tira essas sandálias dos pés que o ambiente em que estás é chão sagrado. Ex 3,5 Js 5,15. Moisés quer entrar no templo de seu coração, mas para isso precisa libertar-se de tudo o que é antigo, hábitos, costumes, lembranças, tradições; estabelecer o vazio dentro de si mesmo que o coração é lugar sagrado. E tudo isso é bom senso.
Cristo nos dá um exemplo de bom senso e nos orienta assim: quando formos com nosso adversário ao magistrado, façamos o possível para nos livrarmos dele no caminho, a fim de que ele não nos arraste ao juiz e o juiz nos entregue ao oficial de justiça e esse nos meta na cadeia. Lc 12,58.
Como se percebe, bom senso é também antecipação, prevenção no sentido de nos mantermos no centro entre os opostos
Nenhum comentário:
Postar um comentário