A Senhora Evanice escreveu-me sobre sua luta por se livrar do cigarro: “fumo há aproximadamente 20 anos e estou sentindo todo o mal que ele causa; vivo numa angústia tremenda entre o querer deixar e o não querer abandoná-lo é como se ele anestesiasse os meus medos....Agora vem a pergunta que não cala por quê? Como? Algumas pessoas são tão determinadas enquanto outras rastejam para ter uma só vitória sobre si mesmas? Mesmo que sejam pequenas vitórias?”
Minha querida, você tem muitos exemplos, em sua profissão, de doentes que fazem tratamento; dão-se bem com a dieta, o mal deu sinal de desaparecer e retorna em seguida, com mais vigor. Por que voltou? Porque a cura ficou circunscrita ao efeito; a causa não foi combatida; a causa permaneceu sem qualquer dano. Cessado o combate ao efeito, a causa continuou no inconsciente, emitindo o movimento e acelerando o retorno da doença.
É o mesmo com o cigarro; o tratamento fica restrito apenas ao efeito; a causa não foi combatida e permanece instalada na psique.
É certeza que você, menina, começou a fumar por influência de seu grupo; se não fumasse, seria excluída; fumar era chique; quem é capaz de fazer uma espiral com a fumaça? Quem demora mais com a fumaça no pulmão? Quantos cigarros você fuma por dia? Esses desafios instalaram-se em sua psique; era importante vencê-los para fazer parte daquele grupo e manter o ego em alta.
Você me pergunta por que uns são mais determinados? Esses sofreram pouca pressão; foram menos influenciados; a psique foi pouco afetada; confira isso e me responda, por favor.
Passados os anos, você quer se livrar do cigarro e pensou que conseguiria submetendo-se a dietas que você cita, inclusive incursões a vidas passadas. Quer extinguir o efeito sem consciência da causa; quer limpar a psique tomando remédio; não dá.
É preciso entender que o ritual de aprender a fumar aconteceu pelo movimento indutivo: você praticamente desafiada pelo grupo; o movimento foi trazido de fora para dentro por desafios de amigos; passados anos, você sofre a instabilidade da energia do movimento que, por vontade própria, implantou dentro de você; por isso se descontrola se não fumar; descontrola-se por não achar saída.
A causa transformou-se num vulcão emitindo lavas de ansiedade quando falta o cigarro.
O que, de fato, você precisa é amenizar esse movimento na psique. Você ameniza o movimento inserindo ali a energia contrária ao movimento; a energia do repouso. Para se trabalhar com a energia do repouso, é preciso fazer concentração, meditação. Os passos que seguem orientam você nesse sentido:
- fazer concentração.
- distinguir o ponto em que o cigarro cria prazer. Na boca? Na garganta? Nos pulmões?
- enquanto estiver concentrada, fixar a mente no ponto de prazer pelo cigarro.
- fixar a mente sem nada pedir, sem nada querer, apenas passar com a mente em silêncio
pela região, com suavidade de quem contempla uma pisagem.
- fazer esse exercício quando não estiver com desejo de fumar e o mais que puder.
- se você não identificou um ponto, ponha a mente a percorrer os três: pulmões, garganta e
boca, bem devagar.
Se sentir vontade de fumar,
- não reprima o desejo, quando vier.
- aproveite o momento em que estiver fumando para tirar a mente do ponto ou dos pontos
de prazer: a boca? Os pulmões?
- enquanto fuma, concentre-se nos pés, nas mãos que são órgãos alheios ao prazer de fumar.
Com esses exercícios, lentamente você vai limpando sua psique; vai substituindo a energia do movimento pela energia do repouso; vai depender de sua persistência.
Aconselho ainda um texto de apoio para que seja recitado, sobretudo à hora de dormir, de levantar e em outras tantas oportunidades:
Senhor,
Seja bem vindo a minha casa.
Muito obrigada por habitar em mim
E me fazer mais forte.
Meus sentidos estão em liberdade.
Obrigada Senhor
Por me restituir a alegria de viver.
Minha aura está aberta a seu convívio.
A alma canta
E se abrem os caminhos
Por onde o espírito ande
Na direção da luz.
No início de sua mensagem, você me disse que tem medo. É que esses inimigos são inteligentes e sabem “anestesiar” a mente.
Eles não devem saber que você está praticando esses exercícios. Por isso, aconselho que você não comente com ninguém, nem com seu marido, o que está fazendo. Se alguém estiver na mesma situação sua, imprima esse texto e o entregue a ela sem comentário. Por quê? Se você fala, os inimigos dentro de você ouvem; ficam sabendo que você está agindo contra eles; eles também sabem armar suas defesas; “anestesiar” a mente é uma delas.
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