Há muito estou por lhe escrever.
Os homens se acomodaram à memória de seus feitos e não atualizam as palavras que exprimem sua doutrina; continuam repetindo-as, ao pé da letra, sem o esforço de trazer ao povo suas intenções. A conseqüência é que se dilui sempre e mais o referencial de fé.
Predomina uma insegurança, um medo que se insinua crescente nos corações.
Os homens estão em guerra com seus intestinos e não demora, hão de se arremessar uns contra os outros sem que haja uma causa, senão no interior de cada um.
Parece meu velho, que quanto mais a ciência avança, mais os homens se imbuem da injustiça praticada naquele monte, naquele dia; lembra? No silêncio de si mesmos, sentem ecos daquilo que perdura como que grudado na consciência de cada um.
O que fazer meu Amigo, meu Irmão? O que fazer?
Para desviar o olhar dessa causa sem rosto, os homens acham pretexto em defender a natureza, anunciando catástrofes próximas, até onde a razão lhes alcança e não se dão conta de que, com cálculos científicos, nada podem discernir sobre o destino humano. Que a única e autêntica preservação necessária é a da mente de cada um.
O que fazer meu Amigo, o que fazer?
Veja que não estou pedindo, perdão, compaixão; apenas que os humanos tenham acesso a sua mensagem; ela continua velada como nos dias em que você a pronunciou.
Os homens alcançaram um nível de instrução sobre as coisas do mundo e não são motivados a saber sobre si mesmos.
Não foi essa a tese que você defendeu?
Se ninguém vai ao Pai senão por você, é de mister que você continue falando na intimidade de seus escolhidos como conduzir os homens no mundo moderno, já que a prédica de seus seguidores não alcança o entender de quase todos.
Não é interferir no destino deles; é atualizar sua mensagem para que entendam qual a direção do caminho de cada um.
Imaginemos que haja hoje uma catástrofe total na terra; os espíritos se esbarrando uns contra os outros no torvelinho de encontrar saída, num amontoado de espera por discernimento. É justo?
Você disse que estará conosco até a consumação dos tempos; mas veja bem; a linguagem com que você se exprimia perdeu a atualidade, não o conteúdo de sua mensagem que continua vivo, mas os homens se acostumaram a reproduzir, ao pé da letra, o que você disse; e estão esperando que você venha estar conosco. É justo?
Estou pedindo muito? É só que atualize suas palavras; não peço que atualize a mensagem senão as palavras para que os homens saibam situar-se melhor. Não sei se você percebeu que, em meio a tanta tecnologia, os homens preparam o próprio confinamento; sem norte, os homens farão da máquina o próprio túmulo. É aceitável isso?
De onde você está, você vê as conseqüências de tantos espíritos submersos na ignorância, apesar de serem eles a humanidade que você veio salvar? A energia do movimento comendo as entranhas de cada um, física e espiritualmente porque estão apegados a seus bens? Quem os esclarecerá? Outro que vier, não precisará passar por aquelas coisas lá no alto do monte; não precisará falar em seu nome; basta que ensine os homens a aplicarem seus ensinamentos às coisas de cada dia. Quem ensinará a eles?
Permita-me que lhe pergunte: o que você está esperando pra tomar essas providências? Estou avançando seu sinal? É que seu sinal continua instalado em local que ninguém mais vê. Eu não estou defendendo senão a causa pela qual você veio e que precisa de atualização. Ali atrás você pediu ao Pai que perdoasse aqueles que não sabiam o que faziam; será demais pedir luz que os homens aprendam a fazer-se?
Sei que você jamais diria: - eu fiz o que pude; sei também que um Pai nunca esgota o esforço por seus filhos, sobretudo quando eles estão precisando apenas de esclarecimento.
Muito mais teria a dizer Amigo, meu coração está vazio de qualquer intenção; estou certo de que você providenciará que se acenda a luz na mente daqueles homens que você escolheu para darem prosseguimento à luz que você deixou.
Um abraço fraterno.
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