quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ver – 6/6 ( Em 07/10/2008 )


"Eis o grande desafio de todo ser humano; ver com os olhos de dentro. Assim como olhamos através do vidro e vemos a realidade lá fora, o coração vê através das coisas como se fossem vidros. Para o coração, tudo é vidro, ver, enxergar além; passar os limites dos olhos e se projetar na intimidade de tudo."

Ver não é prever; prever é ofício da mente; por isso é que as previsões são, em maioria, falhas. Ver é tarefa do coração; pelo coração, não se mede o espaço; no coração, tudo é aqui; tudo é agora. Orientados pelo coração, os olhos vislumbram minúcias que escapam ao olhar comum. O coração não mede espaço porque lê por dentro das coisas; tem com a mesma intensidade uma visão para o diminuto e para o macro; em tudo está a unidade; o coração se fixa no contemplar essa unidade.
Fala-se em terceira visão; poderíamos imaginar que a terceira visão é resultante do exercício de conciliação entre os olhos esquerdo e direito; mas a terceira visão é resultante da conciliação dos olhos com o coração; no ápice do triângulo, instala-se uma luz que, como farol, desvenda o invisível. O ápice do triângulo está na linha reta da tireóide.
Ver não é vidência; a vidência está limitada ao alcance do espírito, das experiências que ele tem; o espírito não orientado para a interioridade, vê apenas com os olhos da razão. 
Ver é ultrapassar as aparências e colocar o olhar por trás das coisas; vê o que está no cosmos e vê o que está nas pessoas, não como espírito, mas como resultado de causas que se praticam e se impregnam no corpo cujas marcas são deixadas pela intenção.
Então é possível ver através de gestos, olhares, modo de andar, maneira de sentar, o tom de voz. Essas sintonias resultam de extrema sensibilidade; parece que o coração foi sazonado por um tempero que contém o gosto amargo dos sacrifícios. O lucro é a visão interior com que o coração penetra esferas onde se oculta a certeza.
            Ver é dar sentido ao ver

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