Por que me deixo entristecer, mesmo sabendo o que acontecerá?
É próprio do ser humano alimentar a esperança, mesmo intuindo o desfecho.
O viciado no cigarro, por exemplo, também se entristece na certeza de como será consumido e não o deixa.
Quando vemos a natureza se derretendo nos trópicos, não sentimos tristeza pela natureza senão por nós; a natureza se recomporá; nós sairemos dela com as mãos manchadas da predação descontrolada; nem por isso recuamos.
Já ouviu falar naquela serpente “oroboros”?. Ela se alimenta do próprio rabo. Ilustração de como formamos um círculo e ali dentro consumimos a nós mesmos numa espera antecipada de que a tampa da arapuca não caia sobre nós.
Também o Cristo sentiu essa tristeza: minha alma está triste até a morte. Não era tristeza pelo que lhe aconteceria; era a tristeza de sentir, nos povos, a rejeição de sua verdade. Era a consciência de acreditar no povo, sentir-se traído e continuar sua pregação. Estranho paradoxo!
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