quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Minha querida, – 1/6 ( Em 17/11/2008 )

            Talvez você não tenha percebido que nossas correspondências estão bloqueadas. Avalio sua decepção... Temos de nos exercitar na prática do perdão, querida; logo eles se cansam, que só a virtude é perseverante.
Ficou-me, no entanto, o relato de seus sofrimentos; seus aturdimentos e zumbidos cujas causas os médicos não conseguem detectar; eles não atinam que elas podem ter origens além. Você me relatou a dedicação aos doentes, alguns terminais, ao longo de 12 anos e detalhou suas aflições de se sentir cerceada, encontrando lenitivo apenas na prática da caridade.
De fora, observo, no entanto, que esse afã não está rendendo benefícios a que você faz jus; ao contrário: a caridade está resultando em mais tumultos para sua mente.
Estranho paradoxo, não!
Veja bem, eu não quero dizer que você não pratique a caridade. Quero mostrar-lhe que, paralelamente com a caridade, você precisa tomar outra providência.
A caridade excessiva, sem essa providência pessoal, acaba aumentando a confusão mental, o desassossego a que você está submetida e pelo qual está passando.
Você pratica a caridade e recebe de volta as energias do bem que está fazendo; mas essas energias, quando voltam para você, não têm lugar apropriado para se armazenarem; elas ficam misturadas com aquelas energias dos zumbidos e das vozes internas.
As energias do retorno, que deveriam ser o lenitivo, a recompensa de seu esforço, estão misturadas às algazarras do inconsciente. O inconsciente não deixa que elas passem para a alma; o inconsciente bloqueia a passagem delas para a alma e as envolve na confusão.
É como se você abrisse uma vala do lago para sua casa e não preparasse uma saída quando a água se excedesse; ela está inundando sua casa.
Apenas pela meditação, essas energias de retorno são assimiladas corretamente e a caridade completa seu ciclo de ser caridade também para você.
Um abraço de quem ama os que sofrem.

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