segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Torre de Babel - 1/6 ( Em 15/12/2008 )

Um homem falava sobre a Torre de Babel; contava e repetia e recontava. Ficou-me a impressão de que aquele era um homem engajado; sabia o conteúdo do que falava, mas recuava por algum compromisso de fidelidade ao grupo e apenas acrescentou que "aquilo se repete a cada instante".
Um homem engajado está preso a alguma linha de pensamento e, nem tudo pode falar; torna-se submisso a ponto de sonegar o saber; deixar passar a oportunidade de esclarecer os outros; ali adiante será vítima de seu saber. Por que os grande sábios são conflituosos? Por que será heim! 
Sobre a Torre de Babel, reflete interesses de muitas espécies. Uns homens resolvem construir uma torre que alcance o céu; segundo o texto, Deus se aborreceu com a pretensão dos homens e pô-los a falar línguas diferentes. Gn 11,1-9. 
É essa a narrativa.
Os homens se organizam com os mesmos ideais; na medida em que se deparam com os interesses de cada um, a linguagem muda, cada um fala a linguagem de seu interesse. 
Pra que maior torre de Babel do que essa que estão os homens construindo sobre o aquecimento global? Marcam conferências, debates aqui, ali, lá; só que, quando cada um precisa ceder um pouco, ninguém quer abrir mão de seus privilégios.
E aquele país, o mais rico? Construiu, em torno de si, uma torre de orgulho e poder; vieram dois aviões com linguagens diferentes, derrubaram as torres; ali começou a derrocada: meteu-se numa guerra que o levou a recessão em que se encontra. E quantas línguas de interesses está falando aquele povo...
Um outro país distante apresentou-se como uma "potência emergente"; construiu sua torre no cimento de um PIB de fazer inveja; mas os interesses dos donos do dinheiro eram outros e adotaram uma linguagem de como derrubar aquela torre sem entrar lá.
Apertaram o controle remoto e o povo saiu correndo para as bolsas de valores; os donos do dinheiro fizeram o dólar flutuar para ninguém mais comprar os produtos de lá. Dizem que o desemprego naquela nação está em massa; hostes de trabalhadores voltando das cidades para o campo; começar tudo por lá; o país não tinha solidez de agüentar o tranco.
É claro que seus dirigentes ainda alimentam o orgulho de não deixar transparecer a recessão para a qual se encaminham.
E isso é torre de Babel.
A intenção com que um país forma seu congresso nacional é ótima; elevar o nível do povo; mas, quando aqueles homens se encontram, aí vêm os interesses e as linguagens se tornam extremamente confusas; os homens não se entendem.
            Uma família é uma torre de Babel; se o chefe morre, já viu a linguagem dos herdeiros? Santo Deus! Nem é bom pensar. Você já entendeu o que é a torre de Babel.
            Acumular o saber é também uma torre de Babel; chega um tempo em que esses saberes começam a falar as linguagens de suas origens; como estão retidos, abrem sulcos de traumas na psique do sonegador.

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